Do Ciem surgiram engenheiros, pilotos de automobilismo, jornalistas, presidente da República, senadores, arquitetos, matemáticos, acadêmicos, médicos…, todos com grande destaque em seus campos de ação. Um colégio tão revolucionário não poderia escapar aos grilhões da Ditadura Militar.

Por Chico Sant’Anna

Na década de 1960, uma escola pública de ensino médio era o sonho de todos adolescentes. Na época, praticamente, não existiam cursos privados. Funcionando como uma espécie de colégio de aplicação, vinculado à Universidade de Brasília, o Centro integrado de Ensino Médio (Ciem) revolucionou a pedagogia. Ensino em tempo integral e integral também para os sonhos e projetos de cada aluno. Ali a pedagogia preconizava mais do que o ensinamento, visava a preparação de um projeto de vida, fosse em que área fosse. Da educação a engenharia espacial, do automobilismo à arquitetura, da medicina ao esporte.

Do Ciem surgiram engenheiros, pilotos de automobilismo, jornalistas, presidente da República, senadores, arquitetos, matemáticos, acadêmicos, médicos…, todos com grande destaque em seus campos de ação. Um colégio tão revolucionário não poderia escapar aos grilhões da Ditadura Militar. O Ciem e o ensino, em Brasília e no Brasil, foram também vítimas dos anos de chumbo. Mesmo tendo funcionado por menos de uma década (1964-1970), ainda hoje o Centro é lembrado por sua proposta inovadora de educação. Daqueles tempos, só restou o prédio, localizado na avenida L.2 Norte, local onde hoje funcionam ambulatórios do Hospiutal Universitário (HUB). Passados tantos anos após o fim da Ditadura Militar, a UnB nunca mais retomou a proposta de um escola de ensino médio nesses padrões.

Como parte das comemorações pelo 60º aniversário da Universidade de Brasília (UnB), o jornalista Antônio de Pádua Gurgel – ex aluno do Ciem – após uma longa pesquisa traz ao público CIEM: uma escola para a Vida. O lançamento aproveita a reunião das melhores cabeças pensantes do páis, por ocasião da 74ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no campus da UnB.

A proposta desse livro não é o resgate do movimento estudantil de então, já alvo de outros trabalhos de Padu, como os amigos lhe tratam.

O atual livro focaliza o Centro Integrado de Ensino Médio enquanto um laboratório pedagógico da Faculdade de Educação. Na década de 1960, o Ciem testava técnicas pedagógicas que só agora estão sendo disseminadas para as escolas públicas de todo o Brasil por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Essa escola de educação integral em tempo integral estimulava os alunos a desenvolverem suas competências socioemocionais, como propõe agora a BNCC. Com suas Práticas Educativas Vocacionais, o Ciem já continha uma espécie de embrião para o chamado Projeto de Vida, que agora está se tornando a linha mestra do ensino médio.

Sobre essa escola, Darcy Ribeiro certa vez declarou que o “Ciem foi a melhor experiência em educação secundária feita no Brasil”. Fazia parte da estrutura da Universidade de Brasília, cujo projeto pedagógico foi feito por Anísio Teixeira, considerado “o pai da escola pública no Brasil”. Além de Anísio, o próprio Darcy Ribeiro participou da elaboração do projeto, assim como Lauro de Oliveira Lima e José Aloísio Aragão, primeiro diretor da escola.

O jornalista Antônio de Pádua Gurgel recupera em sua obra os aspectos revolucionários do que foi a pedagogia implementada no Ciem.

O Autor

O autor do livro é o jornalista e editor Antônio de Pádua Gurgel, ex-aluno do Ciem, tendo lá ingressado em 1967. Já publicou cerca de 60 livros por meio de sua editora, cujo site pode ser acessado aqui.

Duas outras publicações do mesmo autor que focalizam aspectos dos 60 anos da UnB também serão vendidas durante a SBPC.

A rebelião dos estudantes é uma reconstituição histórica dos fatos mais importantes do movimento estudantil em 1968, resgatando a brava luta dos estudantes por melhorias na educação e pela redemocratização do Brasil, bem como a sangrenta repressão sofrida pela UnB naquele ano.

Por sua vez, o Jornal da Década de 70reproduz coleções de jornais alternativos publicados em Brasília durante o período, relata a retomada do movimento estudantil a partir de 1974 na UnB e registra importantes fatos acontecidos no Brasil e no mundo durante a década de 1970.

Contatos com o autor:

Pelo email apaduagurgel@terra.com.br ou pelo zap (27) 99864-3566.