
O maestro Jorge Antunes retorna às ruas com espetáculos de teatro musical com caráter popular, em que o drama inclui engajamento político com muito humor e sarcasmo. A ópera O Exfakeado, que estreou em 2019, no campus da Universidade de Brasília, é a terceira ópera de rua de Jorge Antunes. Ele também atua como ator, interpreta o papel do apresentador de televisão William Boina.
Por Chico Sant’Anna
Nada como a música para afiar a língua nas críticas da conjuntura política do país e da cidade. Em tempos de eleição, então, nem se fala. Os brasilienses vão ter a oportunidade de ver um remake – atualizado para os tempos atuais – de “O Exfakeado”, a ópera de rua do maestro Jorge Antunes. A música erudita volta, assim, à cena neste mês de agosto, com apresentações em seis cidades do Distrito Federal.
A ópera de rua é um novo gênero musical criado pelo maestro Antunes, professor de música da Universidade de Brasília. Em tempos de luta pela abertura política e autonomia política de Brasília, ele inovou em criar a sinfonia das buzinas. Agora, ele retorna às ruas com espetáculos de teatro musical com caráter popular, em que o drama inclui engajamento político com muito humor e sarcasmo. A ópera O Exfakeado, que estreou em 2019, no campus da Universidade de Brasília, é a terceira ópera de rua de Jorge Antunes. Ele também atua como ator, interpreta o papel do apresentador de televisão William Boina.

Trama
Faltando 60 dias para as eleições, os temas abordados não poderiam deixar de ser atuais, fazendo ironia e deboche com personagens da vida pública, acontecimentos recentes e falcatruas de políticos. Assim, que foi assistir ao O Exfakeado terá a oportunidade de apreciar alguns ilustres personagens, tais como Sérgio Desmoro – Alisado, o General da Banda-Mourão, Goiabosa dos Mares de Jesus, Pastor Falamaia e muitos outros que povoam o imaginário social.
Em se tratando de Ópera, uma orquestra, regida pelo maestro Jorge Lisbôa Antunes, e um coro, dirigido pelo maestro Alfredo Ericeira, dão o ritmo à apresentação. Os cantores solistas são as sopranos Andréia Lira e Gandhia Brandão, os contraltos Raísa Curty e Marina Andrade, os tenores Yonaré Barros, Adélio Rocha e Hilan Bensusan e os barítonos Hugo Lemos, Jansler Aragão, Juliano Berko e Demétrio Bogéa.

Revivendo cenografia do antigo teatro grego, nesta ópera de rua os intérpretes utilizam grandes máscaras, representativas dos personagens.
A história se passa em Brasília em época de eleições para escolha da nova diretoria da Associação Cultural Pacotão, sociedade que todo ano coloca na rua seu famoso bloco carnavalesco “O Pacotão”.
São nove candidatos à presidência da Associação: Pastor Falamaia, Eskindô-Jonum, Reembolso-Nário, Ostra Brilhante, Alessandro Fruta, Donald-Trompa, Goiabosa Dos Mares de Jesus, General da Banda-Mourão e Sergio Des Moro-Alisado. Outros personagens são William Boina, apresentador de TV, Mister Bananon, Amélio e Phlavio Reembolso-Nário.

Programação
Durante a campanha eleitoral os candidatos debatem na televisão comunitária do Conic. Apenas um candidato nunca comparece aos debates: Reembolso-Nário. Este, ao final, simula um atentado à sua vida, com ataque a faca. Esse fato sensibiliza o eleitorado e ele acaba sendo eleito.
As novas apresentações têm o patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), projeto de fomento artístico a fundo perdido do Governo do Distrito Federal e vão de 13 a 28 de agosto. Confira os dias das apresentações, sempre às 16h, com entrada franca:
- 13, sábado- Ceilândia (Praça dos Eucaliptos, ao lado do Skate Park)
- 14, domingo- Taguatinga (Praça do Relógio)
- 20, sábado- Paranoá (Praça Central)
- 21, domingo- Gama (Praça do Cine Itapoã)
- 27, sábado – Varjão (Praça Central, em frente à Escola Parque)
- 28, domingo- Planaltina (Praça Coronel Salviano Monteiro, em frente ao Museu).
Quem desejar, pode rever aqui a estreia, em 2019, de O Esfakeado,
no campus da Universidade de Brasília.
Pena que a política é colocada acima da arte. Sou a favor da arte pela arte (sem política).
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Na história universal da artes , sempre a vi engajada nos momentos políticos, Vide Shakespeare, in Macbeth, do século XVII, ambientada no Reinado da Escócia, que trata da ambição humana, do poder, da autocracia, da cobiça desmedida, e os fantasmas que assombram os atos criminosos.
Até mesmo a Capela Sistina, mandada pintar pelo papa Júlio IIm na época que Papas eram guerreiros em busca de mais terras e poder, Michelangelo deu enfase ao antropocentrismo em contraposição ao Teocentrismo. Ou seja, o poder político da religião já era alvo de contestação è época. Então, volto a insisitir, não vejo a arte desvinvulada da política.
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