Falta de conforto para quem espera por demoradas conexões foi um dos pontos negativos do Aeroporto JK

Com o trânsito de cerca de 7,2 milhões de passageiros, de janeiro a julho desse ano, o JK ficou na 13ª posição, atrás ainda do de Recife e o de Quito, no Equador. O ponto mais fraco do aeroporto de Brasília, segundo seus usuários, são as lojas e a alimentação disponibilizadas no terminal aos passageiros (nota 7,9, numa escala de 10).

Por Chico Sant’Anna

Historicamente, Brasília luta para ser um portão internacional de importância capaz de promover o turismo de estrangeiros pela Capital Federal. A cidade, contudo, precisa melhorar seus equipamentos para bem receber e um deles é o próprio Aeroporto Juscelino Kubitschek. Embora todo reformado para a Copa do Mundo, o terminal JK ficou de fora da lista dos dez melhores da América do Sul, segundo o ranking World Airports Award (melhores aeroportos do mundo), divulgado pela Skytrax. Por esse ranking, o aeroporto de Bogotá é o melhor da Região. Guarulhos ficou em quinto lugar, Galeão, no Rio, em sétimo e Congonhas, em São Paulo, em décimo. A classificação é elaborada com base na experiência dos passageiros e leva em conta a pontualidade dos voos, qualidade dos serviços, transporte, alimentação e lojas disponíveis.

Com o trânsito de 7,2 milhões de passageiros, de janeiro a julho desse ano, o JK ficou na 13ª posição, atrás ainda do de Recife e o de Quito, no Equador. O ponto mais fraco do aeroporto de Brasília, segundo seus usuários, são as lojas e a alimentação disponibilizadas ainda no terminal aos passageiros (nota 7,9, numa escala de 10).

Quanto à pontualidade dos voos – que é uma responsabilidade compartida com as cias aéreas – e a qualidade dos serviços prestados internamente, a nota para ambos os quesitos foi de 8,2%. Avaliação até considerada elevada, se for levado em conta que um dos quesitos examinados é a qualidade do transporte existente para chegar até ao aeroporto e a disponibilidade de profissionais poliglotas no atendimento ao público. Uma das queixas relatadas por passageiros estrangeiros é exatamente a falta de pessoal que fale outros idiomas, notadamente nos check-in das empresas aéreas nacionais. Procurada, a Inframérica, gestora do terminal, não se pronunciou.

Soneca

Embora considerado um importante ponto de conexão entre voos do Norte e do Sul, o terminal de Brasília não oferece conforto a quem tem que esperar demoradas conexões. O aeroporto perdeu pontos pela falta de áreas confortáveis para longas esperas – day rooms ou rest areas –, que segundo muitos passageiros inexistem em Brasília, obrigado as pessoas a se acomodarem nas cadeiras, que são poucas na área anteriores às salas de embarque. Mundo a fora, alguns aeroporto são dotados até de cabines individuais para uma soneca.

O Aeroporto é uma porta de chegada, uma vitrine, que deve estar em excelente situação, ainda mais agora que se verifica aumento da a chegada de voos internacionais ao Brasil. Em junho passado, a malha aérea internacional brasileira registrou 3.806 chegadas, 1.703,32% a mais de voos em relação a abril de 2020, data de início das restrições impostas pela pandemia. Desse total, 330 voos tiveram como destino ou origem o DF. Em julho, foram cerca de 50 mil passageiros em voos internacionais saindo ou passando pela Capital Federal.

O turismo brasileiro, como um todo, deve movimentar, até o final de 2022, mais de R$ 68 bilhões, o que representa um crescimento de 12,4% em relação ao ano passado, quando esse número foi de R$ 60,5 bilhões, é o que aponta a Pesquisa IPC Maps. E Brasília precisa melhorar a fatia de receita que lhe compete.

É uma tarefa desafiante. A cidade conta hoje com apenas seis trajetos internacionais: Orlando e Miami, nos EUA; Buenos Aires, Cancun, Cidade do Panamá e Lisboa. Perdeu várias operações, inclusive operados por empresas transcontinentais, como a Air France e a Delta, e mesmo sul-americanas, como a Taca e Pluna, que já não existem mais. Esses voos, em especial para o hemisfério Norte, estavam transformando a Capital Federal em um hub internacional. Passageiros das Regiões Sul, Centro-Oeste e Norte tinham aqui a alternativa de conexões internacionais mais confortáveis do que as tradicionais em São Paulo e Rio de Janeiro.

Além de poucos voos internacionais, destinos como Flórida e Cancun se caracterizam mais por levar brasileiros ao exterior, do que propriamente trazer turistas estrangeiros. Nesse segundo caso, o proveniente de Buenos Aires é o mais efetivo. A expectativa é que mais de 20 mil hermanos visitem Brasília por ano, mas para isso, temos que preparar melhor a cidade para receber os turistas no Planalto Central.