
Por Chico Sant’Anna
Faltando pouco tempo para que o eleitor vá as urnas, análises, estratégias, conspirações, de tudo um pouco rola nos bastidores da política candanga.
Confira só:
Capital versus Trabalho
As pesquisas mais recentes demonstram um crescimento na reta de chegada de Leandro Grass (PV), em algumas delas, ele está em segundo lugar, atrás de Ibaneis, em outras, em terceiro, empatado tecnicamente com Paulo Octávio (PSD). Tudo indica, contudo, que deve haver segundo turno nas eleições do DF.
Leandro sonha com uma visita, nem que seja rapidinha, de Lula ao Planalto Central, pra garantir o que no atletismo é denominado sprint. Aquele esforço extra a poucos metros da reta de chegada. O ex-presidente soma mais de 30% de apoio, enquanto apenas cerca de 10% a 11% dos eleitores candangos votam na chapa (PV/PT/PCdoB). A ideia é que Lula turbine Leandro.
Os cálculos da federação PV/PT/PCdoB são os mesmos do empresário Paulo Octávio. Se houver segundo turno, Ibaneis perde. Embora lidere no primeiro turno, a soma de opositores num eventual segundo turno pode desbancá-lo. Se Lula ganhar no primeiro turno, uma eventual derrota de Ibaneis pode ser ainda mais provável. A dúvida é se diante de um inimigo comum. o Capital e o Trabalho se unirão para derrotar Ibaneis. Ao programa Brasília Capital Notícias – Eleições 2022, Grass afirmou que não se furtará em procurar todas as forças políticas que apoiarem o seu projeto de governo apresentado nas urnas.

Autopreservação
Espremido entre Ibaneis Rocha, de quem é secretário de Meioambiente, desde o início do governo, e de seu correligionário partidário, Leandro Grass (PV), Sarney Filho (PV), também conhecido como Zequinha Sarney, como passarinho, entrou na muda e não tem cantado. Tem seguido a risca as regras ambientalistas para sobreviver na selva política. Ao contrário de seu pai, o ex-presidente José Sarney, Em 2018, Zequinha preferiu apoiar o capitão Jair Bolsonaro contra a chapa de Haddad. A poucos dias das eleições, não revelou publicamente seu voto nem para o GDF, nem pra presidente da República. Pessoas próximas a ele, garantem que ele prefere ficar camuflado, imperceptível, e sair incólume desse processo eleitoral e quem sabe, independentemente de quem ganhe, tentar uma vaguinha no próximo governo, seja no Buriti ou na Esplanada dos Ministérios. O problema é que o PV federalizou-se com o PT. Ganhe quem ganhe as duas eleições, PV e PT estarão casados pelos próximos quatro anos. Será que Zequinha vai continuar nesse ninho?

Apostas do Psol-DF
O Psol-DF aposta em um bom desempenho nas eleições desse ano. Além da reeleição do já distrital Fábio Félix, tida como certa, o partido estima poder ter um segundo distrital.
As chances recaem sobre Max Maciel, da Ceilândia, a ativista cultural Rita Andrade, e o advogado Marivaldo Pereira. Para a Câmara Federal, a expectativa recai sobre a professora e ex-diretora da Faculdade de Saúde da UnB, Fátima Sousa. Afiliada política de Luisa Erundina (Psol-SP), Fátima foi candidata ao GDF, em 2018, com quase 50 mil votos, e espera contar com esse racall nessas eleiçoes.
Miopia eleitoral
Os partidos de esquerda na Capital Federal erraram solenemente em suas estratégias para o Senado Federal. Em artigos aqui publicados, em fevereiro e maio desse ano, apontávamos que a única opção viável para conquistar a vaga de Reguffe no Senado seria uma candidatura única. À época nem PT, nem Psol, nem PV, nem PSB, nem Rede, nem PDT, nem PCdoB, nem PSTU, nem PCO, nem PCB, nem UP possuíam candidatos ao Senado. A vaga estava aberta, permitindo a construção de uma candidatura de uma frente que poderia até atrair outras legendas. Miopia eleitoral impediu pôr em campo essa estratégia e hoje o eleitorado brasiliense progressista tem diante de si uma disputa dentre duas candidatas que tentam provar que uma é mais bolsonarista do que a outra.

Línguas afiadas
A disputa entre Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos) pela única vaga do Distrito Federal no Senado tem revelado uma alta dose de agressividade.
Flávia ataca Damares dizendo que ela sim é de Brasília, que não caiu de paraquedas na Capital Federal.
Damares contra-ataca, afirmando que irá combater a corrupção na política. Só falta divulgar em suas redes sociais os vídeos da Caixa de Pandora, nos quais Arruda e outros políticos recebem boladas de dinheiro.
Seja qual for o resultado da eleição, as relações Arruda-Ibaneis e Arruda-Bolsonaro estarão bastante fragilizadas, para não usar outro adjetivo. Ibaneis está tímido na defesa da sua candidata oficial ao Senado. E Michele Bolsonaro escancarou que para o casal presidencial, a ex-ministra que viu Jesus numa goiabeira é a candidata predileta.
Arruda na corda bamba
O ex-governador cassado, José Roberto Arruda, propaga na sua campanha que sua candidatura está confirmada judicialmente. Não é bem assim: o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) promete para os próximos dias julgar a candidatura dele e as chances de ela vir a ser vetada são grandes. Arruda e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que tiveram suas candidaturas autorizadas em segunda instância correm o risco de ficar fora da corrida a poucas horas da largada. No caso candango, uma eventual impugnação de Arruda prejudica imensamente os planos do Partido Liberal. O PL conta em eleger Arruda e de carona trazer Bia Kicis ou Coronel Fraga. Sem ele, as contas ficam bem mais apertadas.

Pior dos cenários
Para o clã arrudista, o pior dos cenários é Arruda continuar inelegível e Flávia, sua esposa, ver Damares Alves chegar na frente. Pesquisa do Correio Braziliense demonstra um crescimento contínuo e firme da candidata bolsonarista. Caso esse cenário se materialize, o PL candango viverá dias tumultuados com lideranças internas tentando deslocar Arruda para conquistar o trono. Do Buriti, Ibaneis Rocha assiste tudo sem esboçar reações, mas o cadafalso eleitoral arrudista em muito lhe interessa.
E, e tudo vai ao scambal no pais de Cabral, em pleno seculo 21, ainda, nao aprendemos anular um voto..
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Voto nulo, em branco ou abstenção na lei eleitoral brasileira vai direto pra lata do lixo. Em nada interfere no processo eleitoral
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