Damares faz lembrar a personagem Ofélia, do humorista Lúcio Mauro, na TV, que só abria a boca pra falar besteira.

Por Orlando Pontes

Senadora eleita pelo DF e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos), vem ganhando notoriedade nacional pelas suas declarações um tanto, quanto, polêmicas e incredíveis. Sábado (8), afirmou que o governo federal resgatou crianças vítimas de tráfico humano para outros países. A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos não apresentou provas.

O suposto crime denunciado por Damares teria ocorrido na Ilha de Marajó, no Pará. “Nós temos imagens de crianças de 4 anos, 3 anos, que, quando cruzam as fronteiras, têm seus dentes arrancados para não morderem na hora do sexo oral. (…). Descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”, afirmou, durante um culto evangélico em Goiânia.

Abaixo-assinado – As reações foram imediatas. Membros do MP Federal no Pará enviaram, na segunda (10), ofício ao MMFDH solicitando mais informações sobre supostos casos de abuso social revelados pela ex-ministra. Pedem que todos os detalhes descobertos pela pasta sejam encaminhados “para a tomada das providências cabíveis”. E exigem que o ministério informe quais providências tomou e se houve denúncia ao MP ou à Polícia.

Ainda no início da semana, começou a circular na internet um abaixo-assinado virtual pedindo a cassação do mandato de Damares antes mesmo da posse. Até à noite de quinta-feira (13), ultraássava 640 mil signatários.

Ofélia – Diante das reações, Damares tenta suavizar o que disse e alega que o que declarou é a partir do que ouviu dizer. Nega a existência de vídeos, antes propalada. As falas da futura senadora remetem a um dos quadros humorísticos mais famosos da TV. No Zorra Total, a personagem Ofélia, uma perua sem noção e desinformada, envergonhava o marido Fernandinho (Lúcio Mauro) na presença das visitas. Mas, sempre encerrava o quadro com o bordão: “eu só abro a boca quando tenho certeza”.

Se Damares cai no ridículo nacional, deveria se lembrar de outro clássico do humor, esse de Chico Anysio, quando protagonizava Nazareno. Metido a conquistador, humilhava a esposa. E quando ela esboçava qualquer reação, bradava: “Calada!”.

Alguém precisa dizer à senadora eleita que pare de inventar coisa e que só abra a boca quando tiver certeza.
E se insistir que receba a ordem definitiva: Calaaada!