Os prazeres da vida, passear e se alimentar estão mais caros para o consumidor brasiliense. Alta de 0,87% em outubro, após três meses de deflação, indica que custo de vida pode voltar a tomar trajetória anterior de alta, interrompida apenas pelas medidas fiscais eleitoreiras tomadas pelo governo federal.

Por Chico Sant’Anna

Os efeitos da maquiagem fiscal, promovida pelo governo federal às vésperas das eleições, já estão perdendo sua força. Bom lembrar que o teto do ICMS sobre combustíveis, telecomunicações e energia foram rebaixados, o que provocou, por três meses, uma queda no custo de vida. A inflação já dá sinais de retorno e Brasília registrou, em outubro, a segunda maior taxa entre as dezesseis regiões metropolitanas/municípios pesquisados pelo IBGE, superando, inclusive, a taxa de inflação nacional. A capital federal apresentou uma elevação da inflação de 0,87%, enquanto no Brasil, como um todo, a alta foi de 0,59%, aferida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ao longo de 2022, a inflação candanga acumulada é de 4,65% e, nos últimos 12 meses, de 6,23%.

A evolução dos preços se dá de maneira generalizada, seis, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados em Brasília, apresentaram altas em outubro. O maior impacto veio do grupo transportes (2,00%), apesar de ainda haver influência da queda nos preços dos combustíveis (-0,27%) puxada pela redução 2,51% no preço do óleo diesel.

Viagens

Em tempos de feriadões e de se programar as férias de verão, a vilã inflacionária foram as passagens aéreas, que ficaram absurdamente mais caras em 37,59%. Desde o início do ano, viajar de avião está 48,48% mais caro. Manter veículo próprio também pesou mais no bolso, em especial nas despesas de emplacamento e licença (0,87%), que são fixadas pelo GDF, e seguro voluntário de veículo (1,09%).

Cuidar de si mesmo também tá mais difícil. As despesas com saúde e cuidados pessoais aumentaram apenas em outubro em 1,54%, e os itens e serviços de higiene pessoal (3,45%), como perfume (9,36%), e plano de saúde (1,88%). Some-se a isso, que manter a barriga satisfeita tá doendo mais no bolso. O grupo alimentação e bebidas registrou alta de 0,84% em outubro. O resultado foi puxado pelas altas nos tubérculos, raízes e legumes (15,63%), como tomate (29,26%), batata-inglesa (26,28%) e cebola (12,52%); na alimentação fora do domicílio (0,65%) como refeição (0,52%) e lanche (0,94%); nos panificados (1,83%) como pão francês (1,99%); e nas frutas (1,90%) como banana-prata (7,44%) e mamão (7,05%).

Moradias

Comprar ou alugar um imóvel também tá oneroso. O custo médio por metro quadrado da construção civil no Distrito Federal foi de R$ 1.714,93, é o décimo maior valor entre as 27 unidades da federação. Em outubro, a alta acumulada no ano, totalizou 8,3%. O preço do material de construção, que representa 62,8% do custo da obra, é 4° maior valor entre as UFs. Tudo isso impacta o preço final dos imóveis, bem como o mercado de locação.

Quedas de preços

Vilões de meses anteriores, os preços do leite longa vida e do óleo de soja apresentaram redução de 7,28% e 3,39%, respectivamente. Também os planos de telefonia móvel (-2,43%), aparelho telefônico (-0,89%) e pacote de acesso à internet (-2,15%) caíram.