
Portal especializado em notícias sobre a aviação considera a medida excessiva, sem prescedentes e cerceadora da liberdade de atuação dos fotógrafos aeronáuticos .
Por Chico Sant’Anna
Delegações de 150 nações deverão estar presentes à posse do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Muitos virão em aviões executivos ou oficiais. Tradicionalmente, essa é uma oportunidade para que os fotógrafos aficionados pela aviação façam cliques de aeronaves diferentes, mais raras de serem vistas no Brasil. Entretanto, dessa vez, não será permitida a prática de spotting, ou fotografia aeronáutica, no aeroporto JK e nos arredores do aeródromo, no período entre 30 de dezembro e 2 de janeiro. A decisão é da Inframérica que administra o terminal. Não houve um comunicado formal à imprensa, apenas uma postagens nas redes sociais do Aeroporto Internacional de Brasília e no espaço dirigido aos spotters – nome dado aos amantes desse tipo de fotografia – no site da empresa.
O texto da postagem não faz menção a atuação de fotojornalistas ou repórteres-cinematográficos. Segundo o que consta na postagem, a medida se faz necessária por questão de segurança.
“Devido aos últimos acontecimentos nas imediações do aeroporto e em razão do desembarque de diversas autoridades para a posse presidencial, não será permitido a prática de spotting nas proximidades e grades do Aeroporto de Brasília. […]A vigilância em todo o perímetro do sítio aeroportuário foi reforçada. Pedimos a colaboração de todos. Para a Inframerica, segurança é valor imprescindível e a decisão visa proteger tanto as operações quanto vocês, spotters.”, diz a postagem da administradora do aeroporto.
Protesto
O portal Aeroin, especializado em notícias sobre a aviação, criticou a decisão tomada. “Expulsar os spotters não trará nenhum ganho de segurança, uma vez que o local já terá policiamento bastante reforçado para a posse de Lula.”
Nem mesmo a grande afluência de autoridades estrangeiras é considerado pelo portal motivo forte o necessário para tal impedimento. “Brasília sempre foi e sempre será um local em que autoridades chegam e saem, onde empresários aterrissam e decolam. Desta forma, a medida abre um precedente que, em uma situação extrema, poderia levar a outros bloqueios à fotografia aeronáutica em locais públicos e a um retrocesso. Como fazem Europa e Estados Unidos, onde o risco de atentados é muito maior, mas o spotting é totalmente liberado (até em algumas instalações militares), a solução passa por fiscalizar a policiar, mas não atentar contra a liberdade individual e de imprensa (spotters também prestam serviço de divulgação de informações) – questiona o portal.