
Poema de Paulo José Cunha. Ilustração: Don Quixote de Pablo Picasso (1955)
Somos os mesmos doidos desvairados,
os mesmos quixotes sem juízo,
dando a cara a tapa ou disparando
uns tapas por aí, quando é preciso
Os cabelos pratearam ou se perderam,
mas cada fio branco pelo chão
é um pedaço da história dessa luta
contra a violência, a dor e a opressão.
A garganta sangra, ficou rouca
mas o grito nem cabe mais na boca.
Gritamos sim onde eles berram não
e com a luz nos olhos matamos a escuridão
Não temos tempo pra chorar derrotas.
Já traçamos o rumo, sabemos a rota.
Pagamos pra ver, porque a hora é agora.
É lutar ou lutar, é vencer ou vencer!
Agora é lutar abraçado a vocês,
E fazer o futuro ser hoje outra vez!
Agora é lutar de mãos dadas com o povo,
E fazer o futuro ser lindo de novo!
* Esse poema foi declamado pelo autor por ocasião do Sarau dos Poetas contra o Fascismo, ocorrido em Brasília, em 01/01/2023, por ocasião da Posse do presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva.