
Texto e fotos de Márcia Turcato
Projeto do paisagista e artista plástico Roberto Burle Marx, que contou com o trabalho do assistente Haruyoshi Ono, a Praça dos Cristais é uma verdadeira obra de arte em Brasília. Mas ela foi desfigurada, assim como as obras de arte do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal por bolsonaristas golpistas no dia 08 de janeiro. De fato, a Praça dos Cristais começou a sofrer violência bem antes. Logo após o resultado do segundo turno da eleição para a Presidência da República, que confirmou a vitória nas urnas de Luís Inácio Lula da Silva, no final de outubro de 2022, em uma ampla frente nacional, a praça foi invadida.

A Praça dos Cristais foi uma inspiração de Burle Marx ao visitar a cidade de Cristalina, em Goiás, erguida sobre uma jazida de cristais. O paisagista pediu que fossem construídos modelos dos cristais em cimento para o cenário da praça. No local há 53 espécies vegetais, a maioria nativa do Cerrado, um exemplar de Buriti de 12 metros de altura e com mais de 40 anos, espelho d’água com peixes, caminhos que cruzam o lago e ilhas de flores. A praça, com 102 metros quadrados, foi construída em 1970, reformada em 2009, ano do centenário de Burle Marx, e em que foi tombada pelo IPHAN- Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico.
Bolsonarista, terroristas, esposas de militares, desocupados, militares reformados e uma ampla gama de pessoas que vive dentro de uma rede de desinformação invadiu a Praça dos Cristais e a transformou em favela urbana com cerca de dois mil moradores, que se revezaram em turnos, e que contou com a complacência do Comando Militar do Planalto Central. A praça fica em frente ao QG do Exército, e o acampamento foi armado bem na frente da Tribuna de Honra do Palanque do Exército – também conhecida como Concha Acústica do Exército, projeto de Oscar Niemeyer.


Destruição da Praça
Canteiros foram transformados em área de camping, com churrasqueira e varal para estender roupas e esses vestígios podem ser vistos até hoje. Domingo, 15 de janeiro, visitei o local, e encontrei vários desses sinais deixados pelos vândalos e terroristas. A grama, em vários pontos, morreu devido ao pisoteio constante e às barracas armadas na área. Além disso, centenas de pedras portuguesas foram arrancadas para servir de arma no vandalismo do dia oito.
Segundo depoimento de funcionários que estão fazendo a restauração do local, com quem eu conversei, cabos de energia e luminárias foram roubadas da praça e muitas depredadas, como as lixeiras plásticas e também as de metal. É possível que alguns peixes do espelho d’água tenham virado churrasco nas mãos dos bolsonaristas e diante dos olhos e complacência dos militares do QG.
O acampamento tinha mais de 30 barracas de uso individual, um número semelhante de barracas de uso coletivo, barracões de área comum, como cozinha e recreação, e cerca de 20 banheiros químicos. Dia 09 de janeiro, quando finalmente o acampamento foi desmontado pelas forças de segurança, foram retiradas 60 toneladas de lixo e 1.200 pessoas foram levadas para depoimento na Polícia Federal.
Também por isso, temos de dizer:
SEM ANISTIA!
*Jornalista
Excelente matéria, Márcia Turcato!
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Uma tragédia para a História, o patrimônio Artístico e, sobretudo, à BIODIVERSIDADE! Participo de grupos de pesquisa científica e observação de Avifauna, e a destruição se ampliou ao desalojamento e morte de muitas espécies da fauna que viviam ou transitavam por lá! Protocolamos uma Denúncia coletiva junto ao MJ/MPDFT…
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DEMOCRACIA
S E M P R E
ANISTIA
JAMAIS
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Belo texto, Márcia!
E os andorinhões-dos buritis? e os papagaios-galegos? e os beija-flores-de-orelhas-violetas? e os beija-flores-tesouras? e os socós? e as garças-brancas-pequenas? e as garças-brancas-grandes? e os bacuraus?
É por estas e por tantas outras espécies da nossa avefauna candanga que foram terrivelmente incomodadas que sussurramos o mais forte que podemos:
DEMOCRACIA SEMPRE!
ANISTIA JAMAIS!
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Anistia. Eles não são terroristas. São apenas baderneiros.
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Péssima matéria, jornalista militante. Para a esquerda que matou, depredou, vandalizou, sempre pedem anistia com o argumento de ditadura. Dois pesos, duas medidas
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A agressão à Praça dos Cristais é parte da agressão generalizada ao povo e à Democracia, que culminou no ataque terrorista à Praça dos Três Poderes. Para essa gente, punição exemplar! Anistia jamais!
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