O feminicídio é na atualidade a fogueira que queimou as mulheres na idade média. Ana Liési Thurler. Foto de Juliana Duarte.


Por Rita Andrade*

Numa sociedade estruturalmente machista, que subjuga os direitos das mulheres, e que propaga o ódio contra a diversidade de ser mulher, sempre procuram um motivo para nos matar. E assim iniciamos 2023, com um número alarmante de casos de feminicídio no DF e em todo o Brasil, um número assombroso e que gera grande indignação pelas mortes violentas de mulheres. 

Os casos de feminicídios na primeira quinzena de janeiro deste ano já ultrapassam todo janeiro de 2022. São 53 mulheres mortas no Brasil, sendo 6 no DF, apenas nas primeiras semanas do ano. Lembramos que essas mulheres foram mortas pelo simples fato de serem mulheres e ressaltamos que todos os casos apresentam requinte de crueldade. Nos indignamos com esses crimes e tememos que nessa escalada muito mais mulheres tenham suas vidas interrompidas no decorrer do ano.

Nós feministas do Levante Feminista Contra o Feminicidio no DF e Entorno sinalizamos que com uma população muito mais armada e com o ódio que foi propagado nos últimos 4 anos, nos tornamos os principais alvos neste contexto social misógino. Ainda mais quando o alvo são as mulheres protagonistas na derrubada do desgoverno fascista e na retomada da Democracia.

Feminicídio não é um problema apenas das mulheres. É um problema social, uma questão do Estado e está diretamente ligado a um machismo estrutural que não respeita as liberdades, os direitos e os corpos femininos e ainda insiste em dar aos homens um falso poder sobre nossas vidas. O Estado é responsável pela vida das suas cidadãs, em especial das que pedem socorro e que encontram uma rede de apoio desmontada ou sucateada por um projeto de governo que desconsiderou e descumpriu os direitos humanos. São vidas ceifadas, famílias destroçadas, órfãos e órfãs que ficam e que têm que reconstruir suas vidas a partir da dor e da violência sofrida.

Na perspetiva de se cobrar da nova gestão que providências sejam tomadas, que haja um empenho emergencial, a médio e a longo prazo para resolvermos esse mau, o Levante Feminista DF e Entorno se manifesta contra toda essa violência.

Não silenciaremos, lutamos pela vida de todas as mulheres!

Basta de feminicídio, de transfeminicídio e lesbocídio!

*Rita Andrade é mãe, avó, gestora cultural e Conselheira Nacional de Cultura e ativista do Levante Feminista Contra o Femincídio DF/Entorno.