Diante da censura pública feita pelo Ipol-UnB e de questionamento de populares em suas redes sociais. Júlia Lucy corrigiu o que alguns chamaram de maquiagem curricular e trocou a informação de ter sido professora no Ipol pela de ter sido monitora na UnB.

Por Chico Sant’Anna

ex-deputada Júlia Lucy (União Brasil) resolveu dar uma turbinada em seu currículo vitae, na plataforma Linkedin, focada na gestão de recursos humanos e recrutamento de pessoal. Ao informar que passara a condição de professora no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), seu currículo chamou a atenção, por informar que havia sido professora convidada no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília – Ipol-UnB. A reação foi imediata, o Ipol negou que Lucy tenha lecionado em qualquer um de seus cursos. É importante lembrar que para dar aula na UnB é necessário possuir mestrado stricto sensu ou doutorado. E a ex-deputada informa apenas ter um diploma de especialização em Gestão de Políticas Públicas, emitido pela Upis. Essa mesma informação, porém, não consta da plataforma Currículo Lattes, do CNPq, que relaciona a formação de todos professores e pesquisadores acadêmicos do Brasil.

Diante da censura pública feita pelo Ipol-UnB e de questionamento de populares em suas redes sociais. Júlia Lucy corrigiu o que alguns chamaram de maquiagem curricular e trocou a informação de ter sido professora no Ipol pela de ter sido monitora na UnB. Monitores são alunos, ainda antes de se formarem, que, em busca de obtenção de créditos ou mesmo de somar pontos para eventuais bolsas ou pesquisas, ajudam os professores efetivos da disciplina lecionada. Mas todo o programa de ensino, avaliações, definição de conteúdos são responsabilidades do professor.

No twitter a ex-parlamentar se explica a um de seus seguidores.

Disciplinas

O Ibmec foi procurado por esse blog para saber quais disciplinas e de quais cursos a ex-distrital seria encarregada de lecionar. Perguntou ainda quais seriam as qualificações acadêmicas necessárias para lecionar na instituição, já que a nova contratada não possui mestrado stricto sensu, nem doutorado, e se os padrões de seleção de professores do Ibmec estão em acordo com as normas federais de contratação de docentes. Até a publicação desse texto, não havia respostas.

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Currículos turbinados

Uma das características de muitos integrantes do governo Bolsonaro – apoiado pela distrital – foi inserir dados inverídicos em seus currículos. Assim foi com Carlos Alberto Decotelli da Silva, nomeado, em junho de 2020, ministro da Educação. Alegava ter Doutorado em Administração pela Universidade Nacional de Rosario – Argentina, mas teve que corrigir seu currículo na plataforma de currículos Lattes, após desmentido da própria Universidade. Um ano antes, quando do anúncio de Abraham Weintraub, também para o MEC, o ex-presidente informou em suas redes sociais, que o novo titular tinha o grau de Doutor. Após apuração da Agência Lupa, especializada em verificar a verdade dos fatos, Bolsonaro teve que voltar atrás e corrigir a informação, pois Weintraub só era detentor de diploma de mestrado.

Também o ministro do STF, Nunes Marques, segundo informou o Estadão, teria “inflado” seu currículo ao agregar a informação de ser pós-graduado em ‘Contratación Pública’, pela Universidad de La Coruña – Espanha. A instituição afirmou que o então desembargador participara apenas de um curso de quatro dias de duração, em setembro de 2014 e que não oferece nenhuma pós-graduação nesta temática.