
Numa primeira apuração, descobriu-se que muitos dos invasores já eram figurinhas carimbadas em outras ações de ocupação irregular do solo. Todos foram levados à delegacia de polícia, mas as tendas e barracos ficaram de pé, preocupando moradores, que temem uma volta dos oportunistas. Segundo um policial, a técnica é ocupara uma área nobre com pessoas ditas carentes e depois com base em interesse social regularizar o espaço e revende-lo a preço de ouro.
Texto atualizado às 15h50, de 22/02/2023
Por Chico Sant’Anna
A terça-feira gorda foi de vigília e apreensão para moradores da quadra 26 do Park Way. De uma hora para outra uma área verde de aproximadamente 20 mil metros quadrados foi invadida por um bloco que não era de Carnaval. Pelo menos, quinze famílias começaram a levantar barracas e cabanas com lona plástica. Eles se instalaram por de traz da densa vegetação, evitando serem observados por quem passasse na rua.
A mobilização dos moradores fez com que em pleno Carnaval a Polícia Militar entrasse na avenida, digo, na mata. Numa primeira apuração, descobriu-se que muitos dos invasores já eram figurinhas carimbadas em outras ações de ocupação irregular do solo. Os que já eram fichados foram levados à delegacia de polícia, mas as tendas e barracos ficaram de pé, preocupando moradores, que temem uma volta dos oportunistas. Segundo um policial, a técnica é ocupar uma área nobre com pessoas ditas carentes e depois com base em interesse social regularizar o espaço e revende-lo a preço de ouro.
Madrugada a dentro os invasores continuaram a erguer acampamento. Sons de marteladas emanavam do interior da mata. Um morador da quadra, que é policial, tentou dialogar com o grupo mas foi espancado. Ficou desacordado por alguns minutos no solo A agressão fez com que a Polícia Militar comparecesse ao local, levando mais quatro pessoas presas – sendo um menor.
Confira aqui o depoimento de morador que foi agredido por invasores

Esse é um local que repetitivamente vem sendo ofertado à venda por grileiros. Dessa vez, os invasores apresentaram uma certidão de cessão de uso de impovel, passada em cartório de Goiás, pela qual a área de 20.000 m², que é pública e não configura lote formal, fora vendida por R$ 200 mil. Um lote desse tamanho custa pelo menos de 7 a 8 milhões de Reais. O documento trata a área verde pública como sendo um lote de chácara, denominação inexistente no plano urbanístico do Park Way.
Segundo relato dos invasores, o suposto comprador havia autorizado a instalação de 40 barracos.
Confira aqui imagens aéreas do local alvo dos invasores
Somente após o sol nascer, com a presença de mais policiais e de representantes da administração regional o grupo pode ser retirado. Passava das 10h, quando um homem que não se identificou compareceu ao local, acompanhado de advogado, alegando ser o dono da área pública. A Polícia Militar não se intimidou e manteve a retirada. O processo agora correrá na 11ª Delegacia de Polícia.
Confira aqui imagens da retirada dos invasores
Multa inócua
Embora a Vara do Meio Ambiente tenha determinado, em setembro do ano passado, multar corretores de imóveis (formais ou não) em R$ 300 mil e os cartórios e outros entes públicos, em R$ 3 milhões, a cada transação tida como ilícita no Park Way, a ameaça parece não ter surtido efeito. As vendas e parcelamentos irregulares no bairro, continuam a todo vapor.

Na Quarta-feira de Cinzas, ao mesmo tempo em que a PM desocupava a invasão da quadra 26, outra ocupação irregular tinha início na Quadra 15, em uma zona de transição da vida silvestre, nas imediações do Córrego do Mato Seco. Uma vasta área foi cercada e a vegetação do solo retirada.
Em janeiro, a Promotoria de Defesa do Meio-Ambiente foi notificada sobre outra invasão, localizada a menos de dois quilômetros da que ocorreu na terça-feira de Carnaval.
À Prodema informou-se endereço, nome do potencial responsável e fotos da ocupação e posterior comercialização dos lotes. Segundo a representação ao MPDFT, o responsável seria um integrante do Corpo de Bombeiros do DF. Mais de um mês já se passou e nada aconteceu.
À Prodema informou-se endereço, nome do potencial responsável e fotos da ocupação e posterior comercialização dos lotes. Segundo a representação ao MPDFT, o responsável seria um integrante do Corpo de Bombeiros do DF. Mais de um mês já se passou e nada aconteceu.
Lavagem oficial de terras públicas

O mais impressionante é que se de um lado não há ações coibindo o avanço da grilagem por órgãos do GDF, por outro, o mesmo GDF dá andamento a processos que visam dar legalidade a loteamentos irregulares. Uma espécie de lavagem oficial de terras públicas.
É o que acontece na Quadra 16, conjunto 2, lote 4. Detalhe: o lote 4 não existe formalmente. É uma área de proteção ambiental nas imediações do Córrego do Cedro. Mesmo assim, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater) analisa processo de regularização da área. Mas não é para nenhum projeto agrícola, ou experimento rural. No local, já há previsão de se implantar um condomínio residencial com 8 lotes, medindo cada um, 2,2 mil metros². Já existe até maquete eletrônica do portal de entrada.
Nas redes sociais do bairro, o desalento é um só, como foi expressado por um morador:
“O Park Way está largado mesmo… Cadê a polícia, cadê o Ibram, cadê o DFLegal, cadê o administrador…?
E assim, a Banda passa, o Carnaval também e o bloco dos grileiros e invasores vai fazendo o povo sambar.
É Chico Santana, realmente o Park Way está sem lei. Invasão no PW, Invasão na Vargem Bonita, falta de policiamento, transporte pirata já tomou conta, calçadas recém feitas e já cheias de rachaduras e por aí vai. Acho que a Administração deve tomar frente a essas demandas e fazer o canal de ligação entre os órgãos competentes. Até o lote destinado a creche ali perto do campo de futebol da Vargem Bonita tem um pedaço dele que a garagem de uma casa está dentro do lote.
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Com a conivência dos órgãos encarregados da fiscalização. Denunciamos em 2014 uma invasão na ouvidoria do GDF. IBRAM, PM/DF, Administração Regional, Adasa, MPDFT.
Se a construção está a menos de 15m da nascente, o Ibram comparece ao local, analisa à distância e emite parecer dizendo que não fere o código florestal. A Adasa confirmou que tem impacto na redução do volume de água.
A Administração responde que não concedeu autorização para construir e fica por isto mesmo.
A Agência Brasília Legal encaminha a denúncia de construção, sem alvará, para análise da Secretaria de Agricultura (ninguém sabe quem inventou este procedimento), que retém os documentos pelo prazo suficiente para concluir a obra.
O MPDFT envia perguntas a cada um dos órgãos encarregados da fiscalização, demora mais de seis meses para analisar o caso e depois envia um comunicado ao denunciante, informando que expirou o prazo da denúncia de fato e que, portanto, arquivará.
Enquanto isto, vemos as nascentes morrerem. Já sofremos racionamento em Brasília. A degradação da APA não interessa a ninguém, nem mesmo aos cúmplices por omissão.
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Uma verdadeira organização criminosa usando pessoas que se julgam invasores de boa fé ou compradores de boa fé para cometerem crimes?
Usam famílias, invadem, depois tiram elas com doc fraudados com ajuda de cartórios criminosos 🤮🤮🤮
Tem muita gente sujando a mão de sangue nessas invasões e que se julgam isentos 🤮🤮🤮🤮🤮
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É Chico Santana, realmente o Park Way está sem lei. Invasão no PW, Invasão na Vargem Bonita, falta de policiamento, transporte pirata já tomou conta, calçadas recém feitas e já cheias de rachaduras e por aí vai. Acho que a Administração deve tomar frente a essas demandas e fazer o canal de ligação entre os órgãos competentes. Até o lote destinado a creche ali perto do campo de futebol da Vargem Bonita tem um pedaço dele que a garagem de uma casa está dentro do lote.
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