O artigo abaixo foi publicado na recém lançada revista Meia Um.

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Em janeiro, o desemprego no Brasil caiu para 6,1%, a menor taxa desde 2003. Mas na capital federal continua variando de 12% a 14%, um contingente de cerca de 200 milpessoas, sem contar o subemprego.

A estratégia aplicada nas últimas décadas para gerar empregos no DF é ineficiente. A equação empregos públicos, construção civil e distribuição de lotes industriais não tem dado resultado. O Pró-DF está longe de atender à demanda de trabalho. Também não será com grandes indústrias que o problema será resolvido.

O caminho correto tem duas vertentes: externamente, apoiar projetos de geração de emprego no Entorno. Internamente, apostar no turismo, na alta tecnologia e na produção de bens culturais.

Brasília pode ser um hub para vôos internacionais. Basta a Anac parar de se render ao lobby paulista e termos mais vôos internacionais para cá. Teríamos mais turistas utilizando hotéis, restaurantes, táxis, shoppings, passeando pela Chapada dos Veadeiros e outros locais aprazíveis. Há que se pensar ainda em alternativas mais econômicas para o turismo de jovens.

Na indústria, a matéria-prima deve ser a inteligência disponível. Investir em nanotecnologia, informática, biotecnologia,
alternativas energéticas, novos conhecimentos. São áreas que remuneram bem, geram empregos sustentáveis e não demandam recursos naturais, como a água, já escassos no DF.

A exemplo de outras grandes cidades do mundo, temos que apostar em cultura. Regras adequadas podem dinamizar o Pólo – fantasma – de Cinema e atrair produções de fora. O parque gráfico é de qualidade, mas a produção editorial é incipiente. Museus, teatros e até cinemas são escassos. Falta ainda o Museu do Homem Brasileiro, idealizado por Darcy Ribeiro.

Brasília é uma cidade de idéias, de uma nova civilização, como sonhou Dom Bosco, mas nossas autoridades preferem soluções assistencialistas e eleitoreiras. Temos que ser criativos, ousados, propor o novo, definir políticas que ultrapassem governos e sejam capazes de responder aos anseios dos brasilienses.

Chico Sant’Anna