As coisas não estão fáceis para o brasiliense em termos de estrutura de transporte. Primeiro, foi a construção da Linha Verde que consumiu milhões de reais e ficou inacabada. Do chamado ônibus expresso que correria pela faixa central da EPTG ninguém mais tem notícias e os velhos ônibus sucateados, sem bilhete único e sem integração com o metrô continuam transportando o brasiliense como se fora uma sardinha.
Leia também:
Corrupção no GDF: Testemunha revela esquema de propina no Metrô do DF
Agora, as más notícias envolvem a construção do VLT, aquele superbonde que sairia do Aeroporto, passaria por toda W.3 Sul, terminando no Mané Garrincha. Não tenho nada contra o VLT, pelo contrário, acho que é uma tecnologia de primeiro mundo. Defendo, inclusive que ele se interligue ao metrô na altura do Zoológico para que se crie uma malha mais ampla de transporte. Desta forma, alguém de Samambaia, por exemplo, poderia ir ao aeroporto parte em metrô, parte em VLT.
O problema é que parece que, como em todas as obras públicas do DF, o preço dele já pulou e se multiplicou que nem coelho. Um relatório do Tribunal de Contas da União mostra que o orçamento do Veículo Leve sobre Trilhos, em Brasília, saltou de R$ 364 milhões para R$ 1,55 bilhão, quase cinco vezes mais. O relatório denuncia ainda a falta de transparência em atos do governo, graves irregularidades nos projetos, atraso no início de obras.
Além disso, a obra do VLT de Brasília, com apenas 2% da obra concluído, está paralisada e o contrato suspenso. Um dos motivos seria a falta de um estudo de impacto ambiental, pois a proposta é se retirar o canteiro central da W.3, arrancando todas as árvores, para lá colocar os trilhos. Já morei em cidades que usam VLT e sei que não é necessário arrancar o canteiro central da W.3 Sul. Duas opções são bem mais simples, mais baratas e ecologicamente mais adequadas. Uma delas é usar uma das faixas da W. 3. Com o VLT e sem a necessidade de fazer os ônibus tradicionais circularem por aquela avenida, não haveria maiores incômodos se uma faixa fosse destinada aos bondes. No exterior é comum (veja as fotos ao lado) ter a faixa de rolamento do VLT ao lado da faixa de carros.
A Outra opção seria se valer do espaço existente entre as quadras 700 e a W.3. Há espaço suficiente, sem a necessidade de derrubar árvores ou fazer grandes obras de terraplanagem..
Entretanto, do jeito que a coisa está indo e com a obra interditada pelo Ministério Público e pela Justiça, creio que é mais fácil vermos o Dimba convocado para a Seleção Brasileira de Futebol em 2014, do que viajar do Aeroporto até o Mané Garrincha de VLT.
Gostei do texto. Porém, a sugestão de “se valer do espaço existente entre as quadras 700 e a W.3” me parece bastante infundada. Para fazer um projeto de urbanismo deste porte, “ter espaço” não é suficiente! E como seria afetado o trânsito caso a faixa do VLT fosse na pista da direita, como sugerido? A utilização das calçadas e do comércio da W3 não seria afetado se a faixa fosse aí?? Por acaso este “espaço” que está sobrando aí não é utilzado de forma alguma? Foi feita uma observação dos usos desta área antes de ser feita esta sugestão?
Existem profissionais (urbanistas) para fazer estas análises…é preciso ter um pouco mais de cuidado ao fazer críticas de urbanismo, pois não se trata de um simples “jogo de encaixes”!!
CurtirCurtir
Cara Laís
Grato pela leitura e pelos comentários no blog.
Não, não fiz nenhum estudo de urbanismo, até pq não é de minha área. O que procurei demonstrar é que em cidades mais complicadas do que Brasília, em cidades européias onde as ruas são vielas, que existem há quase dois mil anos, os VLTs foram a opção escolhida exatamente por não ter que interferir muito no urbanismo pré-existente. O que eu quis demonstrar é que em primeiro lugar, se o obstáculo interposto pelas autoridades de meio-ambiente é a retirada das árvores do canteiro central, existem outras opções, que me parecem inclusive mais baratas. Hoje, a faixa da direita da W.3 é essencialmente utilizada pelos os ônibus. Com os VLTs não haverá mais ônibus e a faixa ficará liberada. Ganham também os lojistas da W.3, pois terão um transporte eficiente permitindo que os clientes voltem a circular pela W. 3, que por sinal precisa recuperar seu calçamento, antes todo feito em pedra portuguesa, como Copacabana, e hoje cheio de buracos.
Mas Laís, esta é apenas uma idéia, certamente existirão outras e até mais baratas. O que não se pode é deixar uma obra desta importante para nós ficar paralisada e tendo seu custo superfaturado quatro vezes mais, como adiantou o TCU.
CurtirCurtir
Para viabilizar o Metrô de Brasília, o governo da época (Roriz) subavaliou os custos, retirando do projeto itens importantes como as escadas rolantes e elevadores para portadores de necessidades especiais. Para tornar o projeto irreversível escavou todo o trajeto de uma só vez, transformando Brasília num grande canteiro de obras. Quando o governo mudou (PT, Cristovam) eles paralizaram tudo por 2 anos, procurando as evidências de fraudes. Não acharam grande coisa. Quando retomaram, chegaram à conclusão que os custos deveriam ser de 1,2 bilhão, considerado normal pelos especialistas. O Metrô de São Paulo, por exemplo, inaugurou com o trecho Jabaquara – Vila Mariana em funcionamento, já oferecendo à população uma opção de serviço. Aos poucos outros trechos foram sendo liberados. Até hoje o Metrô-SP amplia sua malha, sempre acrescentando trechos. E o paulistano sabe o quanto é importante esse meio de transporte. Só para se ter uma idéia, em 1997 o Metrô transportava por dia mais do que a população do DF. Quando se toma conhecimento que o VLT está orçado em 1,55 bilhão, é de se crer que estão literalmente brincando com o bom senso, já que o VLT é tecnologicamente menos complicado que o Metrô. Enfim, fiquemos de olho.
CurtirCurtir
Quezado,
Ficar do olho é fundamental. Tanto para que esta obra não fique parada dois anos, quanto para que não custe duas vezes mais em nossos bolsos. E depois temos que ficar atentos com estas empresas transnacionais que queremo nos vender estas tecnologias, pois como já está sendo apurado no Metrô, tem muitas suspeitas de corrupção e da grossa.
Leia: Corrupção no GDF: Testemunha revela esquema de propina no Metrô do DF
CurtirCurtir
Desde 2009 as obras do VLT estão paradas, então é difícil acreditar que essa obra vá ser concluída um dia. O povo brasiliense há muito tempo esperou para ter a oportunidade de vivenciar a experiência de usufruir de um meio de transporte mais moderno que o metrô, mas não poderá, tudo porque as obras continuam interditadas pela justiça e não sairão do papel tão cedo. não sei quanto a São Paulo, Curitiba ou Rio de Janeiro, mas Salvador com certeza tem estrutura para ter VLT.
CurtirCurtir
Saulo, você tem razão.
A Paralisação desta obra é um pecado, Brasília precisa de um transporte eficiente, limpo, pontual e confortável. Mas nossos governantes só pensam em superfaturamento e caixa 2. Pagamos duas vezes o prejuízo
CurtirCurtir