Ela forma grandes moitas e floresce na primavera, especialmente nos meses de outubro e novembro, prolongando-se às vezes até dezembro. No Distrito Federal, é possível verificar sua floração também no Outono. Suas grandes flores amarelo alaranjado atraem a atenção de todos.

 

Texto e fotos de Chico Sant’Anna
Com base no portais FloresSBS, das MissõesAgrolink, do Governo do Rio Grande do Sul,

Bonita e perigosa a Maria-Mole é conhecida cientificamente como Senecio Brasilienses Lees ou Cineraria brasiliensis Spreng. Da família das Asteraceae, é planta toxica tanto para humanos quanto para animais. Dependendo da região, seus nomes populares variam: Flor das Almas, Flor de Finados, Tasneirinha, Erva Loura, Berneira, Cardo Morto, Catião, Malmequer, Erva-Lanceta, Vassoura Mole, Mal-Me-Quer e Cravo do Campo.

A planta pode ser identificada em campo pelo conjunto: folhas altamente recortadas simulando folha composta e os capítulos amarelados, que lembram as margaridas de jardins. Propagação por meio de sementes. Apresenta caule cilíndrico, verde, sedoso e muito ramificado na base. Folhas alternadas helicoidais, pecioladas e com o limbo profundamente recortado em numerosos segmentos linear-lanceolados, de margens inteiras, simulando uma folha composta. Inflorescência terminal do tipo corimbo, de capítulos amarelos.

Ela forma grandes moitas e floresce na primavera, especialmente nos meses de outubro e novembro, prolongando-se às vezes até dezembro. No Distrito Federal, é possível verificar sua floração também no Outono. Suas grandes flores amarelo alaranjado atraem a atenção de todos.

Poeticamente, o escritor João Antunes assim as descreveu:

“Em agrupamentos densos na primavera, as suas flores amarelas, que são um paraíso para as abelhas donde elas colhem pólen e néctar, trazem um tom radiante todo especial ornamentando o bucólico, as lavouras, as roças abandonadas, as capoeiras, as clareiras de matas, os corredores, as rodovias, os terrenos baldios, à beira dos rios e o silvestre das taperas. Micuins gostam de se hospedar na Maria-Mole.”

Distribuição Geográfica

Originária da América Tropical, ela se faz presente em diversas áreas da América do Sul. Ocorre no Paraguai, Argentina, Uruguai e, no Brasil, é muito comum nos do Centro-Oeste ao Sul do País, notadamente em Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Sua presença indica, segundo os agrônomos, que o solo detém um PH ácido e que possui uma camada adensada, entre 40 a 120 cm de profundidade. Também é encontrada na Europa e na África.

 

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Floração

É uma planta perene, herbácea e ereta, folhas com a face inferior branca e que tolera bastante a seca. Reproduz-se por sementes. Segundo os especialistas, pode medir até 2,5 metros de altura, mas eu as encontrei no Park Way (DF) em alturas superior a 3,5 metros. Possui caule ramoso cilíndricos, estriados, na sua copa onde as flores se apresentam em capítulos amarelos que florescem, segundo a literatura especializada, no mês de outubro e novembro e vai até dezembro. No DF, as fotos que ilustram esse texto foram captadas em abril.

Além do panorama dourado na beleza que ostenta, a Maria-Mole, na sua essência, traz consigo a seiva da morte. Estudos dos pesquisadores Gabriel S. T. de Carvalho e Gabriel C. Mauge demonstraram que a ingestão dessa planta, a exemplo de outras plantas do gênero senécio, é nociva à saúde de humanos e de animais, podendo levar a óbito. A planta, por um todo – flor, folha, caule – produz intoxicação, se ingerida, graças à presença da essência do senécio, que pode provocar intoxicação.

Doenças decorrentes da ingestão de senécio são conhecidas por diversos nomes mundo a fora. No Canadá, é “pictou”; na Nova Zelândia, “winton”; na União Sul Africana, “molteno disease” ou “dunsiekte”; na Inglaterra por “poisonous ragwort”, na Noruega, “sirasyke”; e em Northern Nebraska, por “walking disease”. No Brasil não há uma denominação popular para a intoxicação por ela provocada.

Em 1920, nos Estados Unidos foi registrada pela primeira vez casos de intoxicação, acompanhados de cirrose do fígado, por ingestão de folhas de Senecio burchelli e Senecio üicifollius – plantas da mesma família – moídas juntamente com o trigo, para a fabricação de pão.

No Brasil, há registro de mortes de equinos e bovinos. Inúmeros bovinos são mortos anualmente por ingerir essa planta, pois o princípio tóxico dela faz com que aconteçam necroses no fígado do animal e também lesões nos pulmões. No Rio Grande do Sul, entre 7% e 14% de todas as mortes de bovinos são atribuídas à intoxicação por plantas, sendo metade desses casos decorrente da ingestão da Maria-Mole.

Cientificamente, foram observados casos com cavalos no Estado de São Paulo. Diversos cavalos manifestaram-se com icterícia de caráter grave, mortal dentro de tempo relativamente curto (dias). Os exames comprovaram a presença do Senecio Brasilienses, vegetando no alfafal destinado a alimentação verde dos cavalos que apresentaram icterícia.

É no outono e no inverno que a Maria-Mole concentra o maior teor tóxico. Para os pecuaristas, o desafio é controlar o desenvolvimento da planta e alternativas químicas como o uso de herbicida não são recomendadas por poluir o meio ambiente e matar as abelhas. Pesquisas revelam que a utilização de ovinos em pastoreio pode ajudar no controle desta planta já que os ovinos são mais resistentes que os bovinos a essa ação tóxica dessa erva. A presença da Maria-Mole também regride mediante adubação potássica e emprego de plantas subsoladoras.

Terapêutico

Se de um lado a Maria-Mole se apresenta como um veneno para animais e humanos, na medicina tradicional chinesa seu princípio ativo é usado nos tratamentos de doenças como diarreia bacteriana, enterite, conjuntivite e infecções do trato respiratório. Teria uma ação anti-inflamatória, antimicrobiana e antioxidante, dentre outras. Há crenças na medicina popular brasileira que o uso de folhas secas da Maria-Mole podem resolver problemas de alergias, feridas e queimaduras.