As imagens são do dia 10/11, há cinco dias, mas elas são fortes o suficiente para serem postadas aqui neste blog.

Na manhã de 10.11.2011, o Santuário dos Pajés enfrentou o maior atentado de sua história. Mesmo com decisão contrária da desembargadora federal Selene Maria de Almeida, as construtoras Brasal e Emplavi entraram com seus imensos tratores, dezenas de caminhões além de 450 policiais (segundo a própria PM poderiam chegar até 800), helicóptero, Batalhão de Choque, bombeiros e imprensa.

Na prática, as forças policiais estavam a serviço das empresas e da especulação imobiliária que a cada dia destrói o pouco que resta de cerradão na área urbana do Plano Piloto, trazendo conseqüências para o Lago Paranoá, que já foi alvo de uma avalanche de barro e lama, decorrente da retirada da camada de vegetação que protegia a área do Noroeste.

Sob proteção policial, as máquinas começaram a escavar a área, agredindo o meio-ambiente e a ordem jurídica do país. As tropas do GDF deveriam, sim,estar garantindo o cumprimento da ordem judicial e, ao lado de estudantes e indígenas, assegurando que a decisão fosse respeitada.

Mas o que se viu e o vídeo abaixo mostra é uma tropa fortemente equipada, inclusive com colete à prova de bala, cacetetes japoneses e até uns bastões de ferro. Tudo contra estudantes que só tinham a voz como defesa.

São vários processos questionando a legalidade do empreendimento por razões ambientais, sociais, urbanísticas e, sobretudo, por envolver uma área de cerrado nativo habitada por indígenas Fulni-os desde 1957, quando da construção de Brasília.

Após muita violência e destruição, no começo da tarde, as obras foram paradas por mais uma liminar. Mas como reparar o mal já feito?

Mas os questionamentos permanecem:

1)       Porque numa cidade onde a violência e a insegurança cresce a cada dia são mobilizados centenas de policiais para atuarem com tropa de jagunço de duas empresas privadas?

2)       Porque esta mesma força policial não estava fazendo rondas na cidade, onde o número de seqüestros-relâmpagos tem crescido assustadoramente?

3)       Porque uma força policial, que é pública, age em desacordo com uma decisão judicial? Quem autorisou a tropa a servir aos interesses privados de duas empreiteiras?

4)       Foi aberta uma investigação para saber quem desrespeitou a decisão de uma juíza federal?

5)       Quem manda mais nesta cidade? As empreiteiras? A Polícia Militar? O dinheiro? Ou a Justiça?

Enquanto você, leitor deste blog, reflexiona sobre estas questões, assista abaixo o vídeo que nos revolta a todos.