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Bancada do DF: Reguffe, Hélio José e Cristóvam Buarque. Todos votos favoráveis à PEC do Teto. Fotos de Jefferson Rudy e Pedro França/ Agência Senado

Por Chico Sant’Anna

 

A PEC do Teto dos gastos públicos é um bom e cintilante recado para os bancos, credores e especuladores que ganham com a combalida economia nacional. Para eles, isso significa que antes de pensar em pagar as despesas sociais – saúde, educação, transporte, segurança, etc – os credores terão garantidos o seu quinhão.

De cada R$ 100,00 gastos pelo governo, mais de R$ 45,00 são para pagar a dívida pública. Educação e Saúde, juntas, ficam com R$ 7,71. Em 2014, segundo a auditora Maria Lúcia Fatorelli, presidente da ong Auditoria Cidadão, foram R$ 978 bilhões destinados, em sua imensa maioria, a bancos e outras instituições financeiras. O valor é 12 vezes superior ao que foi destinado à educação e 11 ve­zes aos gastos com a saúde no mesmo período. E mesmo já sendo hiper privilegiados, os credores querem mais garantia. Garantia essa que recai justamente na redução dos investimentos em atividades sociais de uma sociedade ainda desigual e onde a pobreza se faz presente.

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Publicado originalmente na coluna Brasília, por Chico Sant’Anna, do semanário Brasília Capital.

Unidos pelo Teto

Até o Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas é contra a Pec do Teto devido aos reflexos negativos que irá gerar nos padrões socioeconômicos do Brasil. Mas os três senadores do Distrito Federal, Cristovam Buarque (PPS), Hélio José (PMDB) e Reguffe (sem partido), fecharam com o pacotão de arrocho do governo Temer e votaram favoravelmente a PEC do Teto. Ela limita o crescimento do orçamentos de gastos do governo à variação da inflação do ano anterior. A aplicação da PEC representa menos dinheiro para áreas sociais, tais como Saúde, Educação e Segurança, justamente aquelas que o Distrito Federal vem sofrendo mais. Reguffe tenta se diferenciar dos demais e diz que na apreciação do destaque que excluía do congelamento as despesas com Educação e Saúde, votou pela exclusão e que se seus colegas de bancada tivessem feito o mesmo, esses dois setores teriam focado imunes ao arrocho. Na verdade, seria necessário ainda mais um voto, que poderia ter vindo, quem sabe do PDT.

brizola-arraesArraes e Brizola

Na semana em que se comemora o centenário de Miguel Arraes, fundador do PSB, ele e seu contemporâneo, Leonel Brizola devem ter ficado bastante inquietos lá na dimensão onde se encontram.

Os três senadores do PDT, Telmário Mota (RR), Lasier Martins (RS) e Pastor Valadares (RO) esqueceram-se dos dogmas do partido e fecharam com Temer e os credores. O PDT fala agora em expulsão dos três da legenda, mas mesmo que ocorra, o estrago está feito.

Também três herdeiros políticos de Arraes – Antônio Carlos Valadares (SE), Fernando Coelho (PE), e Lúcia Vânia (GO) trocaram o S, de Socialista, que aparece na sigla partidária, pelo $, que agradou tanto os banqueiros.

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Não adiantaram todos os conchavos de Rodrigo Rollemberg. Nem mesmo o feito de conquistar o apoio da bancada do PT – contra posicionamento da Executiva do partido – à candidatura oficial de Agaciel Maia para a presidência da Câmara Legislativa. A CLDF se dividiu literalmente pela metade: 12 a 12, entre Joe Vale e Agaciel. O desempate quase foi no cara e coroa, mas prevaleceu a regra de que quem havia obtido mais votos na eleição de 2014 e ai, a popularidade de Joe falou mais alto e ele será o presidente do legislativo local até 2018, pavimentando uma candidatura ao GDF.

Com ele, além da bancada pedetista, a Rede, de Chico Leite, o PMDB, de Tadeu Filippelli, que articulou pelos bastidores, e o PPS de Celina Leão e Raimundo Ribeiro, afastados da mesa atual pela Operação Drácon. Com certeza, esse agrupamento, mesmo que venha chegar dividido nas urnas de 2018 – até porque o PMDB deverá ter candidato próprio – dará muita dificuldade a Rodrigo Rollemberg.

Quem ouviu, na véspera da eleição, o discurso de Celina Leão na solenidade de entrega do título Cidadão Honorário de Brasília post mortem ao ex-presidente João Goulart, constatou que a leoa está com as garras de fora e vai mover mundos e fundos para tornar os últimos dois anos do mandato de Rollemberg, um inferno.