Consumidores de cidades de Goiás, Minas Gerais, Piauí e Bahia buscam a capital federal para compras de artigos de vestuário e calçados e/ou móveis, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos e de informática

 

Por Chico Sant’Anna, com base no IBGE

Que Brasília influencia a economia de vasta área do interior do Brasil, isso todo mundo já sabia, mesmo porque, essa era uma das razões da mudança da Capital Federal do litoral para o interior do Brasil. Agora, uma pesquisa realizada pelo IBGE mostrou que percentuais significativos da população de 99 municípios, espalhados por sete estados, procuram Brasília como destino para compras, especialmente, de vestuário e calçados para consumo próprio. O maior percentual destes municípios estava em Goiás (42,4%), seguido da Bahia (20,2%) e de Minas Gerais (19,2%). Se o produto desejado é móveis ou eletrodoméstico, em algumas cidades, como a mineira Unaí, fazer compras desses produtos no DF é a opção de 100% dos consumidores.

A Pesquisa Regiões de Influência das Cidades – Informações de Deslocamentos para Comércio 2018 traz um diagnóstico da logística de abastecimento de alguns bens de consumo – vestuário, calçados, móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos – e a influência exercida pelas cidades-polo. É uma antecipação de parte dos resultados da pesquisa Regiões de Influência das Cidades (REGIC) 2018, com o objetivo de ajudar a mapear os efeitos econômicos da Covid 19 em Polos comerciais regionais e subsidiar políticas públicas de incentivo a essas atividades comerciais. O isolamento social atual desencadeou mudanças no padrão geográfico de consumo por causa da redução da atividade comercial e de restrições de deslocamentos entre municípios.

Preferências

Como principal destino, ou seja, o destino que a população do município mais procura para compra desses produtos, Brasília tinha a preferência da população de 22 cidades na busca por artigos de vestuário, sendo quatorze deles situados em Goiás, seis em Minas Gerais e dois no Piauí. Todos eles estão descritos na tabela abaixo com os respectivos percentuais médios da preferência da população por Brasília.

Em relação à aquisição de móveis, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos e de informática para consumo próprio, Brasília é um dos destinos mais procurados por compradores de 83 municípios oriundos dos estados do Tocantins, Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. É destino principal para 25 municípios, dezessete deles localizados em Goiás, cinco em Minas Gerais, dois na Bahia e um no Piauí.

Exceto por Unaí (100%), em Minas Gerais, todos os municípios com maiores percentuais de participação estavam em Goiás: Águas Lindas de Goiás (100%), Formosa (100%), Padre Bernardo (100%), Planaltina (100%), Santo Antônio do Descoberto (98,3%), Cristalina (96,7%), Valparaíso do Goiás e Luziânia (90%).

Autonomia

Entre os municípios de Goiás apontados, apenas Formosa e Cristalina não fazem parte do Arranjo Populacional de Brasília/DF. Ou seja, tem uma autossuficiência própria. Já a Cidade Ocidental e o Novo Gama, os outros dois municípios que integram o Arranjo (além de Brasília), registraram altos percentuais, 50% e 73,3%, respectivamente (tabela 2).

Os Arranjos Populacionais são unidades territoriais compostas por mais de um Município, que apresentam integração significativa em razão da contiguidade das áreas urbanizadas ou da presença de deslocamentos frequentes dos habitantes para trabalhar ou estudar.

O Arranjo de Brasília é composto por Brasília, Águas Lindas de Goiás, Cidade Ocidental, Luziânia, Novo Gama, Padre Bernardo, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, Valparaíso de Goiás.

Índice de atratividade de Brasília

Para cada um dos quesitos de compras analisados na Regic, foi definido um índice de atração, que aponta uma dimensão da quantidade potencial de pessoas que a cidade pode atrair para a aquisição de determinado bem ou serviço. O índice é calculado a partir da população residente nos municípios entrevistados e o percentual dos destinos.

Brasília registrou, para artigos de vestuário e calçados, índice de 1.027.882,91. Para móveis, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos e de informática, o índice foi um pouco superior, 1.520.426,98. Para efeitos de comparação, os índices de atratividade de Goiânia foram de 4.161.846,547 para o primeiro setor e de 2.749.045,71, para o segundo.

Em relação ao comércio de vestuário e calçados, observa-se que, dentre os polos de comércio identificados, há os extremos de São Paulo (SP), com índice de atração de 6.993.149,9, e de São Francisco de Goiás (GO), o município menos atrativo entre os polos, com atração de 907,1.