Potenciais candidatos de partidos conservadores e até de direita abrem fogo contra o também conservador Ibaneis Rocha.

Em uma mesma semana, o senador Izalci Lucas (PSDB) e o coronel Alberto Fraga (DEM), que em comum, além da proximidade com o presidente Jair Bolsonaro, têm o sonho de assumir o Buriti, disparam suas armas pela Internet e redes sociais contra o governador Ibaneis Rocha (MDB).

 

Por Chico Sant’Anna

Foi dada a largada.

A 25 meses das eleições para a sucessão no Palácio do Buriti, as armas dos potenciais candidatos começam a ser disparadas e o alvo é um só: o governador Ibaneis Rocha. As críticas mais abertas começaram a ser verbalizadas sem Rapapés e salamaleques por dois ex-postulantes ao GDF de 2018: o senador tucano Izalci Lucas, vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, e do coronel Alberto Fraga, presidente do Democratas-DF, e amigo próximo do presidente da República. Ibaneis Rocha que anda sumido – ironicamente, dizem que é o único que cumpre o isolamento social – tem buscado construir pontes com o Palácio do Planalto, inclusive elogiando a gestão presidencial e antecipadamente descartando uma candidatura à Presidência, mas os disparos de Izalci e Fraga devem deixar o Capitão Jair Bolsonaro na retaguarda, sem ir ao front eleitoral candango em 2022.

Ao estilo já tradicional de Alberto Fraga, o coronel gravou vídeo, distribuído pelas redes sociais, resolve atacar o que ele chama de “Escândalo da Saúde” que leva o GDF mais uma vez para as páginas policiais, com a prisão de toda cúpula da secretaria de Saúde do DF. “Roubar da Saúde é um crime tão absurdo que pode até justificar o número de mortes no DF… Brasília não merece viver com tanta roubalheira.” Fraga ainda acusa Ibaneis Rocha de ter desaparecido há mais de 40 dias. A peça de 71 segundos de duração é assinada institucionalmente pelo Partido do Democratas.

Izalci, que se viu obrigado a abandonar seu projeto de concorrer ao cargo de governador em 2018 – optando pela vaga ao Senado – preferiu se pronunciar por meio de um artigo publicado no portal Poder360 onde já no título afirma que “a capital (está) à deriva”. O vice-líder do Governo no Senado, que recentemente integrou comitiva de parlamentares federais para pressionar a Câmara Legislativa do DF na abertura da CPI do Falso Negativo – de iniciativa do distrital Leandro Grass (Rede), acusa Ibaneis Rocha (MDB), de não saber administrar a crise sanitária do Coronavírus.

“Infelizmente para o brasiliense, enquanto outros Estados apresentam números estáveis ou decrescentes, o Distrito Federal ainda está entre as unidades da Federação com aumento de casos e de mortos. O governo passou pelo vexame de precisar alterar a forma como vinha contabilizando os dados, para esconder a realidade dos números” – escreve o senador.

O parlamentar tucano também coloca o dedo na ferida: as acusações de desvio de recursos na Saúde e a prisão dos principais gestores da pasta. “Infelizmente, continuaremos sofrendo além do necessário com essa pandemia” diz ele para concluir com uma acusação, a de que o GDF “manobra nos bastidores”, tentando convencer deputados a retirar as assinaturas de apoio à CPI do Falso Negativo. “A Câmara Legislativa já tem assinaturas suficientes para abrir a CPI da Pandemia (sic). Diante desses fatos, a CPI pode ser inevitável”.

CPI do Falso Negativo

A base do governo tenta ganhar tempo e protelar as investigações na Saúde. Há temores que essa investigação possa alcançar o IGES-DF, que administra os Hospitais de Base e de Santa Maria e seis Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Nomes citados pelo Ministério Público no escândalo da Operação do Falso Negativo são egressos ou á tiveram passagem nesse instituto, detentor de regras mais flexíveis de contratação de pessoal e de compras de bens e serviços.

Os distritais dos partidos de esquerda sempre foram contra a existência do IGES-DF exatamente por ele flexibilizar os controles das despesas. A eventual aparição de irregularidades em seu interior – a exemplo do que se verifica com organizações sociais no Rio de Janeiro – pode ser a pá de cal contra o que é visto por muitos como a privatização da Saúde Pública no DF.