Não é só em campo que as coisas estão complicadas para o Flamengo, dentre os cartolas rubro-negros, esquenta o questionamento da parceria com o BRB, que resultou no Nação BRB FLA. É cobrada mais transparência financeira.

“Qual é o resultado da operação de cartão de crédito com o BRB dentro do Flamengo? Não sei. Isso está em que conta contábil? Não sei. Nós não sabemos. Isso não é divulgado pra ninguém. Cabe destacar, inclusive, que o banco é quem passa todos os dados do ‘Nação BRB Fla’.” – questionou publicamente, em fin de março, Sergio Bessa, candidato à presidência do Conselho Fiscal, do rubro-negro.

Como em muitos casamentos, a pareceria Flamengo BRB está sofrendo conflitos. Os R$ 32 milhões pagos pelo BRB, que para muitos brasilienses parece ser uma soma despropositada, já é considerado pouco por dirigentes do clube da Gávea. O tema veio à tona na eleição para o Conselho Fiscal do clube e não apenas sob forma de reivindicação, mas sim com o tom de denúncia referente a uma suposta falta de transparência por parte do banco público do Distrito Federal. Sérgio Bessa, que não conseguiu se reeleger, no fim de março, à presidência do Conselho Fiscal, denunciou publicamente que o BRB não informa claramente os números dos resultados financeiros da parceria. O caso foi noticiado pela imprensa carioca, em especial o jornal O Dia e em portais especializados em notícias do flamengo, como o Ser Flamengo e Coluna do Fla.

Se o desempenho em campo do Clube de Regatas do Flamengo vem decaindo desde 2020, quando ganhou o Campeonato Carioca e o Brasileirão – e acaba de perder a final do Carioca para o Fluminense – o efetivo desempenho do contrato com o BRB também tem sido alvo de queixas dentro do ninho do urubu.

Contrato

O contrato BRB-Flamengo prevê um aporte fixo de R$ 32 milhões por ano, mais uma parte variável, uma bonificação, profit sharing, caso o lucro anual do projeto ultrapasse R$ 64 milhões. Nesse caso, os lucros são divididos igualitariamente, meio a meio. É essa bonificação que Sergio Bessa cobra transparência. Além desses valores ao time de futebol, o BRB paga R$ 2,5 milhões ao basquete do Flamengo.

“O contrato com o BRB é claro. O Flamengo recebe R$ 32 milhões por ano, tem uma operação de cartão de crédito no qual o Flamengo é sócio dessa operação e se essa operação der um determinado lucro, metade deste lucro será dividido com o Flamengo. A verdade é a seguinte: Qual é o resultado da operação de cartão de crédito com o BRB dentro do Flamengo? não sei. Isso está em que conta contábil? Não sei. Nós não sabemos. Isso não é divulgado pra ninguém. Cabe destacar, inclusive, que o banco é quem passa todos os dados do ‘Nação BRB Fla’.” – afirmou Sergio Bessa.

Na verdade, segundo o BRB, a parceria, denominada Nação BRB FLA, vai além do cartão de crédito ofertado aos torcedores. “Lançado em julho de 2020, o banco digital tem mais de 2,9 milhões de correntistas e está presente em 5.094 municípios brasileiros, em todas as regiões e em 39 países de todos os continentes. O banco digital oferece aos seus clientes portfólio completo de produtos e serviços, com destaque para seis diferentes tipos de cartões de crédito, seguros e uma plataforma de investimento exclusiva, fruto de parceria com a Genial Investimentos, que disponibiliza mais de 280 opções diferentes de investimento e home broker (serviço on-line de corretagem de ações) dedicado” – informa o BRB. Em agosto de 2021, o BRB informava que a Nação BRB FLA já possuía uma carteira de crédito do banco no valor de R$ 18,7 bilhões.

O contrato entre o BRB e o Flamengo deve ser renovado a partir do ano que vem e pode até mesmo resultar na criação de uma nova empresa. Objetivamente, o BRB não quis comentar o burburinho rubro-negro, nem quis afirmar que está satisfeito com a parceria. Instada duas vezes sobre essas perguntas, a assessoria silenciou. Limitou-se a informar que “desde o início da parceria, foi criada uma estrutura de governança composta por representantes do BRB e do Flamengo. Cabe ao comitê gestor o acompanhamento e cumprimento do plano de negócios.”

Segundo os portais especializados em notícias do Flamengo, a parceria com o BRB está em pauta entre os sócios e Conselheiros do clube. Como o êxito dessa parceria depende do bom humor dos flamenguistas, de forma que eles se sintam estimulados a consumir com uso do cartão de crédito com a marca do clube, além de outros bens e serviços, a dúvida levantada justamente por quem circula na cúpula do clube não é salutar. Além disso, o fato do Flamengo não ter conquistado desde a assinatura do contrato títulos expressivos no mundo do futebol, nas redes sociais rubro-negras, o BRB, ao lado da loja Havan, vem aparecendo nas ironias postadas como patrocinadores pé-frio. A fama de pé frio sobra até para o governador Ibaneis Rocha, que fez questão de vestir a camisa do Flamengo.

Maus resultados em campo e descontentamento dos torcedores podem prejudicar o desempenho da parceria e com isso afetar a lucratividade, bem como reduzir ou até não efetivar o pagamento da bonificação variável.

A bola está em campo, vamos ver os próximos passes.