Do G-1
A previsão de conclusão das
obras ficou para o meio de 2015.
Localizado na região central do Plano Piloto, um projeto de urbanização inspirado no paisagismo do artista plástico Burle Marx começou a ser realizado em 2013 sob promessa de recepcionar os turistas para a Copa do Mundo.
Cinco meses após o megaevento, no entanto, o espaço de 225 mil metros quadrados entre a Torre de TV e a Rodoviária do Plano Piloto continua em obras, com montes de terra e buracos cavados no canteiro central do Eixo Monumental.
A denúncia é do G1-DF TV, da TV Globo. Ouvida pela emissora, a Companhia Urbanizadora do DF (Novacap), a previsão de conclusão das obras ficou para o meio de 2015.
O projeto prevê o plantio de vegetação nativa do cerrado e de canteiros de flores, a instalação de ciclovias, calçadas e espelhos d’água e a construção de espaços de convivência no local.
À época da assinatura da ordem de serviço, em julho de 2013, o orçamento previsto era de R$ 6 milhões. No começo do ano, a Novacap previa que o parque seria entregue no Mundial de futebol sem a parte hídrica e a iluminação de realce, que estariam prontos em outubro. Os prazos tiveram de ser revistos.
Perdão, Chico Sant’Anna, mas, dessa vez …. , ainda bem que não fizeram os jardins do Roberto Burle Marx! Já comentei aqui, há tempos, que os projetos dele para o Eixo Monumental foram recusados por Lucio Costa, para quem o canteiro central sempre foi uma pausa, um “silêncio” visual verde, sem maiores. E o Roberto concordou, inclusive com testemunho do Hiroshi (atual responável pelo escritório), que assistiu a conversa entre dois dois no escritório do Roberto!
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Mas Maria Elisa, ficamos sem nem uma nem outra visão. O canteiro verde vazio do Lucio Costa não está mais preservado, e os jardins e espelho d’água do Burle Marx não estão prontos.
Pessoalmente, não considero suficiente o argumento de alteração ao projeto original de Brasília para negar nenhuma obra. É mais importante analisar os impactos da obra à cidade e a sua população.
André
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Considerando que foram muito fortes as cicatrizes deixadas em Brasilia pela Ditadura Militar, e considerando que são muito visíveis essas cicatrizes, inclusive, algum trabalho mínimo de revisão histórica deveria ser feito sobre a verdaxe de implantação de tais projetos, desde a analise do arquivamento dos projetos em si mesmos, até o estado atual dos jardins, passando pelo processo de implantação dos tais. Esse trabalho urge pelo fato de estarmos hoje perdendo os últimos testemunhos vivos desse período.
Também, muito tristemente e por motivos os mais fúteis e irresponsáveis, foi criada em Brasilia uma verdadeira “lenda urbana” em torno dos “jardins de Burle-Marx”, o que contribui desgraçadamente tanto para a desvalorização da obra real deste ótimo autor, quanto para a ignorância em relação às obras de quaidquer outros, alem, claro de promover a deseducação em torno do patrimonio público artistico e historico.
Vários outros autores importantes dos jardins de Brasilia tiveram seus nomes completamente suprimidos no processo, apesar de sim, terem assinado e registrado seus projetos junto à Novacap e ao CREA.
Aliás, muito estranha e “quem sabe” proposital a “aparente” não participação da Novacap em todo o processo histórico, não?
Como assim?
Tal revisão viria a bem para a proteção da memória de todos os autores, inclusive o mestre Burle-Marx.
Só o absoluto descuido atual e a ignorância sobre o tema é que não deveriam interessar a ninguém, como infelizmente já interessaram no passado à “autoridades” hoje muito felizmente esquecidas. Pessoas e vaidades que provocaram toda a confusão.
A continuar como estamos, só restará mesmo a lenda, e isso se restar algo. Na maioria dos jardins, mesmo os de Burle (oportunamente remodelados ou não), hoje estão completamente destruidos ou desfugurados (por exemplo no caso das praças das Fontes e dos Cristais e Palacio da justiça). No caso dos outros autores, o mesmo.
Sou filho de um dos autores dos mais importantes jardins, incluindo os “das linhas gerais” dos eixos do Plano Piloto de Brasília, da UnB, área do Buriti, Catetinho e Esplanada (entre outros), e presenciei muitas das dificuldades e complexidades da projeção e implantação do paisagismo de Brasilia, desde a “doma” da grama batatais, hoje absurdamente comum, mas até então selvagem, até as enormes dificuldades com os incompatíveis vírus nativos do Cerrado, que naquela época atacavam as espécies exóticas plantadas. Tudo isso passando pela vontade expressa (e as vezes esdrúxula) de ter essa ou aquela espécie num jardim institucional ou residencial.
Algo urgente (e ainda possível!) precisa ser feito e assim como eu, outros filhos dos artistas de Brasilia quererão contribuir, tenho certeza disso!
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Concordo também com Maria Elisa, a cena verde bucólica era e é fundamental nestes espaços centrais de Brasilia, que até, poder-se-ia dizer, “emolduram ao contrário” a cidade em volta. Como ocorre em algumas antigas tradições de pintura, o foco não é central, mas lateral, e as vezes mesmo acantonado.
A paisagem de Brasília é única e rara, entre outros motivos, por isso.
Também, por outro lado, não entendo muito bem para que mais um espelho d’água numa cidade que verdadeiramente não cuida daqueles que já possui.
Tudo o que envolve tanques, lagos, espelhos d’água hoje está desfigurado em Brasilia.
Vários tanques estão inclu
hoje absurdamente aterrados (como o da 706 Sul e o da Reitoria da UnB), outros foram “azulejados” com gosto extremamente duvidoso e ainda permacecem secos (ESAF, no Jardim Botânico) ou se tormaram tanques para gordas e feiosas tilápias que devoram todas as plantas aquáticas e ainda atraem malcheirosos biguás (Praça dos Cristais).
As fontes do Conic e do Conjunto Nacional estão sempre secas. As fontes do Buriti permanecem as vezes meses inteiros sem serem ligadas. Idem para o lago detrás do Congresso que perdeu seus belos cisnes por reclamação de um único congressista (que nunca recebeu qualquer oposição). Seco
quase sempre também está o espelho d’água em volta da catedral, sem que ninguém seja informado do porquê.
Os tanques da antiga pirâmide da CEB desapareceram junto com ela. As fontes do aeroporto, que um dia já foram famosas, já não existem, e a abandonada e lúgubre Praça Portugal tem água, mas não tem jardins…
Havia um paredão entre o Itamaraty e o anexo da Câmara por onde descia a água da veredinha de buritis acima, até um espelho d’agua receptor embaixo (os buritis hoje sofrem muito sem a água constante que tinham).
Gigantesca alteração do projeto original.
No Palacio da Justiça conseguiram a verdadeira “proeza” de plantar plantas de deserto nas ilhas em meio ao tanque… Francamente…
Entre os ministérios abundam todo tipo de absurdos jardinísticos em meio a mangueiras, árvores invasoras, mandiocas, goiabeiras, pés de cana, pés de boldo e horrorosas ex-árvores de natal, além, claro, dos muitos, indefectíveis e raquíticos “paus-brasil-de-solenidade”, muitas vezes inclusive vestidos com cafonerrimas “meias brancas” de tinta.
Ao que parece, tal descaso quase só acontece no DF, por má gestão e desinteresse com o paisagismo público, só pode.
Em cidades como Rio, São Paulo, Recife, BH, Belém e Goiânia, por exemplo, a maioria dos tanques, fontes e espelhos d’água continuam funcionando. Realmente não se entende o que de fato ocorre em Brasília. E logo aqui, onde tanto precisamos de umidade durante mais da metade do ano!
Do Parque da Cidade nem se fale! É um “descaso” a parte …
Da Praça das Fontes e do Tanque de Modelismo Náutico hoje só a Arqueologia poderia encontrar vestígios do que um dia já existiu ali… Os lagos do parque quase foram perdidos há poucos anos, por já ter sido perdida a nascente que os alimentava.
Sim! Existiu uma!!!
Mas a preocupação das autoridades não foi direcionada a nenhuma das ocorrências acima, mas sim ao solene ato de renomear o antigo e vergonhosamente jamais implantado Parque Ecológico Norte, como “Parque Burle-Marx”…
E então eu realmente me pergunto, para que tudo isso?
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