Poema de Luiz Martins da Silva. Foto de Chico Sant’Anna
[Um preito às senhoras rezadeiras]
I
Eu vi, os olhares
Em torvelinhos.
O Céu, a Terra, o Ar, o Fogo
E o ciclo das águas
Em desalinho.
II
Eu cismei,
Tentando entender,
Missivas de anômalos reinos,
Estranhos trinados,
Heréticas florações.
III
Cada um na queixa,
Mas, na impotência do medo.
O Planeta, se revirando.
O game voraz das horas.
Um asteroide, raspando.
IV
Pitonisas, insones:
“Já se sabia. E vêm mais”.
Confinados estamos.
Nós e os que por vós esperam,
No mármore e nas memórias.
V
Os poetas, vivos em lives,
Inquietos em suas verves,
Récitas em guturais brados.
Empolam digitais pergaminhos,
Tateiam, musicais caminhos.
VI
Perdi a cátedra.
Aposento-me em assentos.
Estarrecem-me os acintes
E as abominações humanas,
Até em predar inocências.
VII
Não desanimeis,
Animais como eu
Na lassidão das planícies,
Herbários nirvânicos
De um céu promitente.
VIII
Ode às esperanças
E likes para os que oram
Por eles e por nós, agora,
E na hora de nossa morte,
Tão temida, nas correntes.
Um épico do tempo em que estamos vivendo
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