“É possível romper as barreiras do que está instituído, é possível participar, tomar os espaços e garantir o direito ao livre exercício político feminino e, em especial, das mulheres artistas, das negras, indígenas, ciganas, albinas, etc.  Não estou só e nem vou só, vou com todas” : depoimento de uma mulher feminista, enfrentando o grande desafio de se candidatar.


Por Rita Andrade*

Sou mulher, sou mãe, filha , avó. Sou trabalhadora, sou artista, sou cidadã e, no momento, estou candidata a deputada distrital. Não é um acaso, não foi por um estalar de dedos. É a consequência da minha luta desde a adolescência e juventude, quando aprendi que precisava lutar por meu lugar no mundo, por direitos e por voz num cenário competitivo e machista. Minha trajetória na Cultura por décadas me preparou muito também, pois foi mais que um exercício de cidadania e militância. E essa luta e participação na área cultural ocorreu lado a lado com o trabalho, a vida, a realização, a maternidade. Por isso, estar como candidata à Câmara Legislativa do DF é uma responsabilidade que me coloca muito segura, ciente do meu papel como mulher, como cidadã, como candidata capaz de representar a minha categoria.

Acredito que a mulher que quer se colocar como representante da sociedade deve ter em mente de que não será fácil, ainda somos minoria nas instâncias de poder. Mas é possível romper as barreiras do que está instituído, é possível participar, tomar os espaços e garantir o direito ao livre exercício político feminino e, em especial, das mulheres artistas, das negras, indígenas, cigna, albinas, etc.  E não estou só e nem vou só, vou com todas. Por isso mesmo, pretendemos evidenciar a urgência da elaboração de mecanismos de segurança e proteção das mulheres, além das outras pautas da nossa candidatura.

Nossa luta será para diminuir os índices de violência política contra mulheres não apenas no DF, mas no país, junto com outros grupos de mulheres. Nesse aspecto, ao enfatizarmos a situação da mulher, e a necessidade do voto feminino, é preciso apontar a importância e liderança que as mulheres já tiveram e têm na defesa da democracia participativa, em suas comunidades, na luta cotidiana contra o machismo, o racismo e a violência, e por igualdade. Reconhecer isso é fundamental, pois as mulheres lideram processos de transformação social nas mais diversas instâncias e em todo o país, de norte a sul.

A Câmra Legislativa é o lugar onde toda a vida do cidadão do DF é definida. É o local onde todas as decisões são tomadas para a transformação da sociedade. E é exatamente por isso que precisamos aumentar a participação das mulheres na CLDF. Chegar a este espaço político é o meio de conquistar mais e melhores políticas públicas voltadas para todas nós, mulheres trabalhadoras, estudantes, mães, filhas, netas, não importa nossa raça, sexo, profissão. Ao serem representadas por uma mulher na Câmara Distrital ou em outra cadeira política e no Legislativo, as mulheres também terão mais espaço, força e voz para legislar sobre seus interesses, com iniciativas, projetos e leis pensadas e pautadas no gênero.

Ouvimos que a política é definida com a paridade de gênero nas instâncias políticas. Mas, na realidade, muitas pessoas veem isso apenas nas palavras e continuamos minoritárias, precisamos aumentar a participação feminina. Como cidadã e como mulher sei que é preciso debater as conquistas das mulheres até o momento, as conquistas e direitos para melhorar processos na prática, no dia a dia, discutir as pautas feministas que as próprias mulheres demandam, colocar na pauta a urgência de políticas antirracistas, antimachistas, anti-LGBTfóbicas, e contra todo tipo de discriminação e liderar processos de transformação social.

Como candidata, defendo a urgência do voto feminino em mulheres da Luta, pois não basta ser mulher!

Ao decidir candidatar-me a um cargo dessa responsabilidade sempre estive consciente do meu papel, consciente de que não será fácil, que muitos obstáculos poderão surgir, mas que é fundamental essa representatividade. Mas é preciso nos impormos, expressarmos nossa voz e necessidades como cidadãs e, ao mesmo tempo, aglutinar as diversas outras mulheres nesse processo, ouvindo-as em suas demandas, trazendo-as ao debate dentro da bancada feminina, enfim, dialogar sobre assuntos que importam a todas nós.

Para isso estamos aqui, pertinho da vitória nas urnas, pela vida de todas as mulheres, com todas e por todas e todos! Somos muitas nesse pleito, simbora ocupar essas casas de poder com mulheres da luta! Companheria me ajude que eu não posso andar só, eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor!

* Rita Andrade é candidata à Deputada Distrital com o número 50005. Formada pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e pós graduada na FGV, atua  como conselheira nacional de cultura (licenciada), gestora de projetos, professora, radialista e ativista dos direitos humanos.