Algumas dezenas de pessoas se concentraram na tarde deste sábado, 23/6, em frente a embaixada do Paraguai, em Brasília. Eles participavam de uma manifestação convocada pelas redes sociais para protestar contra o chamado golpe parlamentar que tirou do poder o presidente Fernando Lugo. Em menos de 48 horas, o Congresso paraguaio se reuniu e decretou o impeachment dele.

A Polícia Militar foi chamada para garantir a integridade da embaixada do Paraguai, mas nenhum incidente foi registrado. Foto pelo celular: Chico Sant’Anna
Carro de som deu suporte aos manifestantes que pediam a volta do presidente Lugo, do Paraguai. Foto: Paulo Miranda.

Um carro de som com bandeiras do MST deu suporte ao protesto. Quatro viaturas e uma dúzia de policias militares reforçaram a segurança da embaixada, localizada na Quadra 811 do Setor de Embaixadas Sul, na Capital Federal. Não houve qualquer incidente.

O dia 23 de junho de 2012 vai ficar guardado não só na lembrança, mas também no almbum de famíia de muitos militantes, como o dia em defesa a democracia no Paraguai. Foto pelo celular: Chico Sant’Anna

Portando bandeiras partidárias e de movimentos sociais, os manifestantes começaram a se desmobilizar pouco após as 16 horas. Mas ninguém foi embora sem, pelo menos, guardar uma imagem da tarde de hoje. Uma tarde pela defesa da democracia e do estado de direito no Paraguai e na América Latina.

Unasul e Mercosul

A espectativa para as próximas horas éo posicionamento oficial dos dois grandes processos de integração da América do Sul: o Mercosul e a Unasul.

Nos estatutos destes dois foruns um país que seja visto como não respeitador das normas democráticas pode ser excluído e perder os privilégios econômicos e políticos usufruidos pelos membros dos blocos. Com base nos posicionamentos individualizados de alguns dos presidentes de países sul-americanos é passível esperar uma censura ao Paraguai pela iniciatva do impeachment, faltando menos de nove meses para acabar o governo de Fernando Lugo.

Veja a seguir o que pensam alguns dos principais mandatários da América do Sul sobre a situação no Paraguai.

Venezuela

Argentina

Equador

Confira mais detalhes na matéria abaixo publicada pela Brasil 247

Unasul fecha posição: foi golpe no Paraguai

CONDENAÇÃO À DESTITUIÇÃO RELÂMPAGO DO PRESIDENTE PARAGUAIO FERNANDO LUGO UNE OS SEUS COLEGAS SUL-AMERICANOS. DILMA DEFENDE DEMOCRACIA; A ARGENTINA CRISTINA KIRCHNER FALA EM SITUAÇÃO INACEITÁVEL; CHÁVEZ, DA VENEZUELA: “GOLPE DA BURGUESIA PARAGUAIA”

A mensagem dos presidentes sul-americanos ao colega – ou ex-colega – paraguaio Fernando Lugo não dá margem a dúvidas: na avaliação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), o que ocorreu no Paraguai, onde o presidente Fernando Lugo sofreu impeachment após um processo político relâmpago, foi golpe.

As mensagens dos chefes de estado diferem apenas em estilo, mas o conteúdo é consensualmente de condenação.

De Dilma Roussef, a presidenta brasileira: “Dar valor à democracia é algo muito importante”.

Do presidente boliviano Evo Morales: “A Bolívia não reconhecerá um governo que não surja das urnas e do mandato do povo”.

Do equatoriano Rafael Correa: “Foi um golpe ilegítimo do poder legislativo, em tempo recorde”.

Cristina Kirchner, da Argentina: “A situação em Assunção (capital paraguaia) é inaceitável”

Do presidente venezuelano, Hugo Chávez: “Não reconhecemos esse ilegal e ilegítimo governo em Assunção, um golpe da burguesia paraguaia”. Antes, seu partido, o PSUV, já havia dado o sinal: “Convocamos todos os movimentos e partidos políticos da região a apoiar o presidente Fernando Lugo”.

Inicialmente, às primeiras notícias sobre a votação pró-impeachment no Paraguai, os líderes sul-americanos mostraram temor quanto a uma onde de violência no país. A maioria estava no Brasil, participando da Rio+20. A avaliação é que, de estalo, era mais difícil falar em golpe, já que a dissolução havia partido após votação pelos deputados paraguaios.

Menos de um dia depois, contudo, o tom predominante nos discursos e recomendações aos diplomatas de cada governo passou a ser de condenação, sobretudo pela rapidez com que a retirada de Lugo do poder foi executada.

Na quinta-feira, um dia antes da consolidação da destituição, os chefes de estado da Unasul, reunidos no Rio, optaram por enviar uma missão diplomática a Assunção para evitar um golpe de estado. Como não obtiveram êxito, veio a condenação. Participaram da decisão Dilma, Correa, Morales, Juan Manuel Santos (Colômbia), Sebastian Piñera (Chile) e José Mujica (Uruguai).

Na sexta-feira à noite, o presidente venezuelano informou que conversara com Dilma, Cristina e Mujica. Segundo ele, todos consideram o que houve no Paraguai um atentado à democracia.