Por Chico Sant’Anna

Ao nomear os novos administradores regionais, o governador Rodrigo Rollemberg agrupou as 31 regiões administrativas do Distrito Federal em sete macro regiões, trazendo ao Distrito Federal um novo desenho geopolítico, mesmo que temporário.

O formato pode não ser o definitivo, mas Rollemberg também fez ressuscitar a velha denominação de Plano Piloto para a denominação da Região Administrativa 1- RA1. O simbolismo desta decisão é forte e já provocou reações nas redes sociais.

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Uma das primeiras que se expressaram foi a filha de Lúcio Costa, Maria Elisa Costa. E reagiu positivamente à decisão:

Finalmente, caiu a ficha! É o Plano Piloto – a área tombada do Centro Histórico, cujo entorno vai até o divisor de águas da Bacia do Paranoá. Simples assim – disse Maria Elisa Costa, lembrando que na planta original do concurso que escolheu o projeto urbanístico para Brasília, já estava previsto no Plano Piloto o outro lado do Lago: o Lago Sul e o Lago Norte, que no começo chamávamos de Península Norte. Eles foram criados na primeira fase do desenvolvimento do Plano Piloto, ou seja, entre a data do Concurso (1957) e a da inauguração da nova Capital (1960). – completou.

Para o Professor de Urbanismo da Universidade de Brasília, Frederico Flósculo, a decisão de se criar uma administração regional do Plano Piloto representa uma histórica tomada de consciência, que deve ter conseqüências sérias para todo o conjunto urbano de Brasília. A questão fundamental é compreender que Plano Piloto não é um lugar, mas um processo de projeto e gestão urbana. Algo que deve pilotar o crescimento da cidade numa direção bem qualificada, democrática, bonitona, verde. Espero!

Liderança do coletivo Urbanistas por Brasília, Cristiano Nascimento, vê na decisão mais um simbolismo do que efeitos concretos. É mais uma questão filosófica, na prática não muda muita coisa. Há essa eterna discussão sobre se Brasília é Distrito Federal ou Plano Piloto, então parece-me que resolveram deixar mais claro que essa será a administração regional que cuidará das Asas Sul e Norte.

Na designação do novo administrador do Plano Piloto, lhe foi atribuída, de forma interina, também a gestão da Candangolândia, Cruzeiro e Sudoeste. Pela proximidade geográfica ao Plano Piloto, é bem possível que Cruzeiro, Octogonal, Noroeste e Sudoeste acabem ficando sob a responsabilidade do administrador do Plano Piloto, como já o foi em antigos governos.

Planta do projeto do Plano Piloto de Brasília, elaborado por Lúcio Costa, datada de 21 de abril de 1960 e guardada na Fundação Getúlio Vargas,traz as regiões do Lago Sul e Norte de Brasília como bairros residenciais.

Mas se existe um processo de retomar em uma única administração os cuidados com a área desenhada por Lúcio Costa, tem gente que pede mais. Integrante do coletivo Nós que Amamos Brasília e moradora da Vila Planalto, Leiliane Rebouças, defende a tese que se a administração é do Plano Piloto, então Lago Sul, Lago Norte, Park Way, Telebrasília, Vila Planalto, Saturnino de Brito e Granja do Torto devem também estar nela inserida. Estão todos numa mesma região!

Natanry Osório, que foi administradora do Lago Sul, entre 2003 e 2006, reforça a idéia. Como pioneira estou bem segura de que o Lago Sul foi criado como bairro residencial do Plano Piloto, bem como Lago Norte e Park Way. Quando foi criada a lei do tombamento, faziam parte da área de proteção, moldura da área tombada, mas houve mudança, quando da publicação da lei.

Este talvez possa ser um balizador para o novo governo, que deseja reduzir despesas com a máquina pública. Plano Piloto, Lagos Sul e Norte, Varjão, Cruzeiro, SIA, Octogonal e Sudoeste, áreas que no passado estiveram sob uma mesma gestão, poderiam voltar a se unir. Só nesta junção, sete administrações regionais seriam unificadas em uma única. Quem sabe até com mais eficiência e produtividade. A medida, permitiria, inclusive, um melhor controle sobre a região que circunda a área tombada, evitando as pressões urbanas que venham degradar o patrimônio da humanidade, segundo a Unesco