Dos 28 partidos ou federações que disputaram as eleições, treze terão representação na CLDF, seis a menos do que em 2018. A nova bancada contará com 42% de parlamentares de centro e 33% de direita e apenas seis (25%) de esquerda.

Por Chico Sant’Anna

A Câmara Legislativa que toma posse em janeiro próximo vem renovada em 50%, menor do que em 2018, quando a taxa foi de 60%. Mais do que as 12 caras novas – algumas não tão novas assim –, o que mais muda é o perfil ideológico do futuro parlamento local. É normal que a mídia foque os campeões de votos e, nesse caso, os holofotes foram para nomes da esquerda, como Fábio Félix (Psol), Chico Vigilante (PT) e Max Maciel (Psol). Mas não se enganem, a CLDF será uma casa conservadora, de centro-direita, o que deve deixar o governador Ibaneis Rocha (MDB) muito à vontade em seu novo mandato.

Pesquisa realizada em todo o Brasil pela Delta Folha – equipe de jornalismo de dados do jornal Folha de São Paulo -, analisando os perfis ideológicos dos futuros parlamentos estaduais, aponta que a Câmara Legislativa terá um perfil de centro-direita. O mesmo perfil do primeiro mandato do governador Ibaneis Rocha. Os reflexos dessa característica deve ser um parlamento majoritáriamente sob a aba do chapéu do Buriti e com consequências, principalmente, na área social, como foi visto na Saúde e na assistência social.

A partir de janeiro de 2023, treze terão representação na CLDF, seis a menos do que em 2019. Gráfico elaborado pela Ascom/CLDF.

Segundo a avaliação feita, a legislatura que finda é dividida em três partes iguais: oito distritais (33%) de cada campo ideológico: esquerda, centro e direita.

A nova bancada contará com 42% de parlamentares de centro e 33% de direita e apenas seis (25%) de esquerda. Dos 28 partidos ou federações que disputaram as eleições, treze terão representação na CLDF, seis a menos do que em 2018.

Partidos que tradicionalmente sempre tiveram assento na CLDF, como o PDT e o PTB, ficaram de fora.

A maior bancada é a do PL com quatro eleitos na onda bolsonarista, seguida pelo PT e MDB com 3 distritais, cada. Em termos de gênero, foram eleitas quatro mulheres, uma a mais do que na legislatura atual. Das atuais distritais, apenas Jaqueline Silva (Agir) foi reeleita.

Para criar uma régua ideológica, a Delta Folha construiu uma métrica que combina sete fatores, dentre eles o posicionamento partidário em votações, coligações e análises de especialistas. Gráfico elaborado pela Delta Folha.

Métrica ideológica

Para definir quem é de direita ou de esquerda, o Delta Folha elaborou uma métrica que combina sete fatores. Considera posicionamentos das bancadas em votações, pronunciamentos públicos dos parlamentares, as alianças que fazem pra governar, bem como análises de especialistas. Dessa combinação de fatores nasce uma régua – que pode ter controvérsias, certamente – onde PSOL, PSTU, UP e PCO estão na estrema esquerda e PSC, PL e Novo estão na extrema direita. O MDB de Ibaneis Rocha está ao centro e o PT, de Lula, na esquerda (Vide gráfico).

A nova bancada contará com 42% de parlamentares de centro e 33% de direita e apenas seis (25%) de esquerda. Essa combinação insere a CLDF num perfil de centro-direita. Gráfico elaborado pela Delta Folha..

Centro-direita

“O DF entra na categoria de poucas mudanças, os que chegam estão mais à direita do que aqueles que saem, mas a maioria ainda está ao centro (vide gráfico), nada muito dramático e acompanha a tendência geral do Brasil” – comenta Diana Yukari, da equipe do Delta Folha.

A leitura que a futura CLDF terá perfil de centro-direita coincide com a avaliação do distrital Reginaldo Veras (PV), eleito agora deputado federal. Ele salienta, contudo, que a bancada de distritais empresários, prestadores de serviços ao GDF, se reduz com a saída do atual presidente Raphael Prudente e do empresário José Gomes.

Na avaliação do analista político Hélio Doyle, alguns nomes, mas não a configuração da CLDF. “Continua conservadora e majoritariamente composta por distritais que alegremente apoiarão o governador, desde, claro, que recebam benefícios do governo. Alguns deles, inclusive, eleitos por partidos de oposição” – afirma

Para o analista político Melillo Dinis, a nova CLDF mesclará um comportamento governista moderado, porém com vozes oposicionistas mais fortes, com o aumento da bancada do Psol e do PT. Ele salienta que o fato de Ibaneis não poder se reeleger e diante das demandas, especialmente sociais, da população, deverá haver um protagonismo maior, uma vez que os distritais vão tentar um lugar melhor ao sol para 2026.

Candidato ao GDF pela federação PV-PT-PCdoB, o distrital Leandro Grass acredita que a correlação de forças será a mesma que a atual, pois é ampla a maioria governista. “Os seis deputados progressistas e os independentes poderão se destacar se fizerem uma forte fiscalização do governo” – recomenda ele.