Por Chico Sant’Anna
Não faz muito tempo, eles foram chegando aos pouquinhos. Primeiro, foi um filhote de capivara. Logo, toda a família – pai, mãe, irmão -, estava lá, num cantinho de grama.
Não longe dali, um jacaré do papo amarelo resolveu escolher seu pedaço para curtir a preguiça ao sol.
E por ai foi: o sapo cururu ficou de baixo de uma sombra de
um ipê.
Um gavião resolveu transformar um pé de fícus em sua torre de lançamento e o gato marcajá caminha tranquilamente pelo gramado.
Mas esta tranqüilidade está em risco. Um Tuiuiú que pairava numa esquina teve seu pescoço quebrado, o rabo da pantera negra já esta sem um pedaço e o mais grave aconteceu há poucos dias:
o filhote de anta foi seqüestrado.
Ninguém viu como aconteceu, ele era visto sempre caminhando junto com a mãe, nas proximidades do entroncamento dos conjuntos 4 e 5 da quadra 28 do Park Way.
O certo é que ele não está mais lá.
O Lobo Guará e seu filhote garantem que ele não foi visto no conjunto 3. Na outra saída, do outro lado, no acesso ao conjunto1, a onça pintada e a pantera negra também não viram quem roubou a pequena anta.
Sua mãe caminha decepcionada com o bicho homem.
Não é uma fábula. É pura realidade.
A quadra 28 do Park Way foi povoada por animais silvestres. Todos são obras de arte em tamanho real. Seu criador: Gil Marcelino, um fiscal da receita federal aposentado.
Talvez cansado de tanto cuidar do leão, para as margens das ruas da quadra 28, decidiu levar ainda um tamanduá bandeira e seu filhote às costas, uma família de veado campeiro, uma seriema, um casal de garças, felinos diversos.
Foram tatos bichos que para protegê-los, decidiu colocar sentado a um banco São Francisco de Assis. No lugar do tradicional lobo, traz ao colo uma suçuarana.
Alguns cães ficam assustados, mas os que mais se divertem são as crianças. Não raro, é possível vê-las brincando com os animais estátuas. Sobem, balançam, os pais tiram fotos.
Mas, assim como acontece com o meio-ambiente, nem todos têm uma relação amistosas com as esculturas dos animais. Embora feitas de argamassa de concreto e chumbadas ao solo, elas não são imunes à ação de vândalos. A mais recente foi o roubo de uma estatueta de filhote de anta que ornava, junto com sua mãe, o balão de acesso aos conjuntos 4 e 5 da quadra 28.
Seu criador ainda nem está ciente. Caminha e medita pelos caminhos de Santiago de Compostela, na Espanha. Viajou acreditando que a proteção de Francisco de Assis seria suficiente para guardar as obras de arte que voluntaria e gratuitamente doou a comunidade de Brasília.
Pelo visto, terá que pedir ajuda a Santiago. Como registra a Bíblia, Tiago, o apóstolo maior, é conhecido como o Apóstolo Ambicioso. Quem sabe ele não controla a ganância dos vândalos que não se contentam apenas em apreciar a beleza deixada pelas obras de artes.
hahaha, quando eu era novo, participava da FILAJ, Frente Internacional para Libertação dos Anões de Jardim, ou algo assim. a gente roubava estátuas de anões de jardim e as colocava nos balões de flores do roriz perto das casas roubadas. os anões ficavam em posições sexuais.
pura comédia.
nem sei que fim levaram meus amigos terroristas. hahaha.
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Então já temos um primeiro suspeito.
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Agrada-me a forma inteligente, pitoresca e leve que comentas sobre o trabalho artístico de
Gil Marcelino, artista plástico que colabora com a perpetuação da importância de unificarmos a natureza com a vida em sociedade. Parabéns!!!
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O trabalho do Gil me chamou muito a atenção e gostei muito de um peça em ceramica, “Dona Onça”, que minha cunhada tem na casa dela, e pedi que fizesse para mim o “Sr Leão”
Agora que li esta cronica ” O sequestro do filhote da Anta” eu pode conhecer um pouco mais este belo trabalho.
Agora Anta mesmo foi quem sequestrou.
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