
A afirmação é do deputado mineiro André Janones, do mesmo partido do vice-governador do DF, Paco Brito, o Avante, integrante do Centrão, base de apoio do governo de Jair Bolsonaro. Para Paco Brito abrigar as seleções sul-americanas não representa riscos maiores de ampliar a Pandemia da Covid-19. A opinião é rechaçada pela professora de Saúde Pública da UnB, Fátima Sousa, que elenca três motivos evidentes para que Brasília não seja sede da Copa América.
Por Chico Sant’Anna
Antes mesmo de colocar frente à frente times adversários, a decisão de realizar a Copa América em Brasília está colocando integrantes de um mesmo time em cantos opostos. Correligionário do vice-governador Paco Brito (Avante-DF), o deputado federal André Janones (Avante-MG) já denominou o Mané Garrincha de o “maior caixão aberto do planeta”. Em vídeo gravado na frente do estádio, ele rotula o governo Bolsonaro de “governo assassino” e o acusa de colocar em execução “um plano de extermínio em massa em nosso país”. E olhem que ele é de um partido do Centrão que é a base do governo no Congresso Nacional.
O vice-governador Paco Brito não quis polemizar com seu correligionário. A esse blog disse que cada um tem direito a ter uma opinião e não viu problemas em Brasília abrigar jogos, alguns deles com os maiores astros mundiais do futebol, como Leonel Rossi, o que deverá provocar a aglomeração de fãs e torcedores.
“E quanto às outras competições que estão acontecendo no Brasil/ E os jogos do campeonato mineiro, no estado dele? Nós no Distrito Federal somos a favor, desde que respeitemos os protocolos nacionais e internacionais” – comentou Paco Brito.
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No vídeo, o próprio parlamentar mineiro dá a resposta às alegações do vice-governador: “nós estamos falando de uma logística diferenciada de jogos nacionais, que envolve hotéis, restaurantes. São milhares de pessoas que vão morrer. A realização de um campeonato não justifica a perda de uma vida sequer” – predestina o parlamentar mineiro.
Para ver o vídeo do parlamentar mineiro, clique aqui
Três razões para o DF não sediar a Copa América?
Enquanto políticos da base do governo Bolsonaro se digladiam por causa da política oficial de combate à Pandemia de Coronavírus, que não evitou a morte de quase 500 mil brasileiros, especialistas são unanimes em alertar os riscos de se abrigar a Copa América nessas circunstâncias pandêmicas;
Doutora em Saúde Pública, a professora Fatima Sousa, do departamento de Saúde Coletiva, da Universidade de Brasília – UnB elenca três motivos para que Brasília recuse os jogos.
“Primeiro, porque os especialistas, desde os infectologistas aos epidemiologistas, já nos alertaram que a terceira onda da Covid-19 pode chegar ao Brasil este mês, sem termos saído da primeira e da segunda, e o DF, pela sua posição geopolítica, até o presente não apresentou um plano consequente para controlar a circulação do vírus.”
“Segundo – continua ela -, o sistema de saúde do DF, há 15 meses está colapsado e a curva do crescimento de casos (405 mil) e de mortes (9 mil) só crescem. A capital da República está dentre as unidades federadas que nunca fizeram teste em massa, que não vacinou integralmente sua população vulnerável, nem os trabalhadores das ações essenciais: professoras, trabalhadoras domésticas, rodoviários, garçons, entregadores de delivery, entre muitos outros.”
“Terceiro, porque o governador Ibaneis não apresenta nenhuma condição de prover segurança para a proteção da população, tanto pelos sucessivos erros, quanto por suas omissões diante das mortes evitáveis e a cumplicidade com atos irresponsáveis do Governo Federal.
Protocolos
A justificativa de que os jogos da Copa América serão tão seguros quanto os da Copa Brasil ou Campeonato Brasileiro não se sustenta. Primeiro, os dois campeonatos não implicam em viagens internacionais, nem na vinda de quase um milhar de pessoas dos dez países da América do Sul e de muitas nações, já que jogadores das seleções sul-americanas atual em equipes da Europa, América do Norte e Ásia. Além disso, profissionais de imprensa virão dos quatro cantos do planeta.
A anunciada vacina alentada como requisito de segurança não terá tempo para surtir efeito. Os jogos começam dia 13, em Brasília. No caso da Coronavac, seriam necessários quinze dias após a aplicação da primeira dose, para receber a segunda. Já a AstraZeneca, são noventa dias. Não haverá quarentena prévia dos que aqui vão atuar. Um estrangeiro já contaminado, poderá apresentar sintomas ao longo do certame, que deve durar cerca de 30 dias. No dia 1º de junho, o jogador Arrascaeta, da seleção uruguaia, testou positivo para covid-19 e está fora das partidas da seleção uruguaia contra Paraguai e Venezuela, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, e possivelmente dos primeiros jogos do Uruguai na Copa América. Assim como aconteceu com ele, nada impede que outro jogador ou integrante das equipes venha ser diagnosticado pela Covid já em solo brasileiro, ou mesmo candango. E ainda há o risco da Copa América ser a porta de entrada da variante indiana no Brasil.
Nunca devemos nos esquecer que a Chikungunya e a Zika entraram no Brasil, durante a Copa das Confederações, devido a participação de uma seleção de um país da Oceania, onde as doenças se faziam presente. O estrago na saúde de milhares de brasileiros está na memória de todos.
Recursos
Também ainda não está claro quem vai pagar a conta dos jogos no Brasil. Tradicionalmente, o país anfitrião banca as despesas com segurança, bombeiros, saúde, logística e tudo mais. De troco ganha a visitação de milhares de turistas. Mas, e agora? Não haverá turistas que paguem tanta despesa. Nossa estrutura de Saúde está hiper saturada. Vamos reservar leitos de UTI para uso potencial dos jogadores? Vamos retirar verbas do Tesouro, quando alegam não haver recursos para pagar um auxílio emergência digno de R$ 600,00?
Não há argumentos que justifiquem sediar a Copa América. Nem econômicos, nem geopolíticos. O Brasil e as quatro cidades sedes nada ganharam com isso. A decisão estapafúrdia, parece ter sido adotada como elemento pra tirar a CPI da Pandemia do foco da população e, se não é fruto de uma análise acurada por parte do governo federal, deve ser, como salienta o parlamentar mineiro, fruto de “um plano de extermínio em massa no nosso país, que governo federal, esse governo assassino, está colocando em curso”. E Ibaneis Rocha se apresenta como um de seus fiéis escudeiros.
Lamentável saber que nossos governantes nunca se preocupam com a vida da população, nem mesmo uma Pandemia onde tantas pessoas já perderam a vida faz parar de pensar só em copa, futebol e tantas outras coisas que não são e nunca deveriam ser prioridade neste momento tão crítico.
Acorda BRASIL….. O POVO MERECE RESPEITO.
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Este maldito vírus nascido na china agora será transmissível via televisão, como será que vai ocorrer com as outras competições, Libertadores, Sul-americana e a Eliminatória da copa de 2022?
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