As quatro cidades-sedes estão longe de serem apontadas como exemplo de bom desempenho na cobertura vacinal. As estatísticas colocam o Distrito Federal na décima posição, Goiás, o Rio de Janeiro está na décima-quinta posição e Goiás na décima-sexta. Mato Grosso está na vigésima posição, dentre as 27 unidades federativas.

Por Chico Sant’Anna

Uma compilação de dados divulgados pelo Observatório de Política e Gestão Hospitalar, da Fiocruz, demonstra claramente o risco de se trazer a Copa América pra o Brasil. Um dos dados revela que a ocupação de leitos de UTI ultrapassa 80% em todas as quatro sedes da Copa América. Além disso, três, das quatro sedes, e mais doze unidades da Federação apresentam tendência de alta de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O nível de ocorrência de SRAG é um termômetro que os especialistas se valem para prever se determinada região terá redução ou ampliação de novos casos de Covid-19 e, consequentemente, maior demanda da rede hospitalar. Enquanto isso, a vacinação patina.

Da lista das quatro cidades-sede, a pior situação em termos de ocupação de leitos de UTI é a do Distrito Federal. A ocupação na Capital Federal é de 89,3%. As quatro cidades-sedes estão longe de serem apontadas como exemplo de bom desempenho na cobertura vacinal. As estatísticas colocam o Distrito Federal e Goiás na décima posição, , dentre as unidades da federação. O Rio de Janeiro está na décima-quinta posição e Goiás na décima-sexta. Mato Grosso está na vigésima posição, dentre as 27 unidades federativas.

Tabela

Pela tabela divulgada pela Comembol, o Rio de Janeiro concentrará os jogos classificatórios no Engenhão e abrigará apenas a final, no Maracanã. Em Brasília, além do jogo de abertura, Brasil e Venezuela, o Mané Garrincha deve receber Argentina e Uruguai, Argentina e Paraguai, Paraguai e Chile e Venezuela e Peru. Também estão marcadas para a Capital Federal mais três jogos: um nas quartas de final, outro na semifinal e a disputa da terceira classificação.

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O governo e seus simpatizantes alegam que se o Brasil pode realizar a Copa Brasil e o Campeonato Brasileiro não há impedimentos para a Copa América. As realidades são bem diferentes. Enquanto os torneios nacionais – que a bem da verdade, não têm motivos para estarem acontecendo – reúnem profissionais já residentes no Brasil e sujeitos às cepas nacionalizadas, a Copa América irá trazer cerca de mil estrangeiros ao país, que estarão circulando intensamente pelos quatro estados. Além deles poderem ser portadores do vírus, inclusive de novas variantes, eles também correm o risco de levar de volta a seus países as variantes existentes no Brasil. Como se sabe, a variante de Manaus é poderosíssima.

Esse torneio não vale nada. Não conta pra classificação da Copa do Mundo. Nem mesmo como um preparativo para as eliminatórias da Copa, pois essas já estão ocorrendo. Trata-se de um mero caça níquel. Se as autoridades não tem a clarividência de proibi-lo, parece que os jogadores estão tomando pé dos riscos que poderão estar se submetendo e poderemos ver uma “insubordinação” pela vida jamais vista no futebol profissional mundial. Rumores dão conta de uma articulação entre jogadores que atuam no futebol europeu mas que possuem nacionalidades sul-americanas. Não será muito difícil que os astros do futebol internacional, como Lionel Messi, venham desfalcar suas seleções ou mesmo que países, como a Argentina – que recusou sediar a Copa América por considera-la um risco de saúde pública – venha vetar a participação de seus escretes nacionais.

Uma salutar decisão como essa, seja por parte dos jogadores, receosos em colocar em risco o patrimônio que lhes é mais importante: a saúde, seja por parte de nações que venham boicotar a Copa América, deixaria o Brasil em uma posição ainda mais ridícula. Um país que sempre foi a vanguarda regional, um poder geoeconômico importante, se vendo, mais uma vez num vexame internacional.