O atraso nas obras terá como principal conseqüência o retardo na entrada em funcionamento dos novos ônibus, recém licitados pelo GDF. 

Por Chico Sant’Anna

Prevista para ser entregue em seis de junho deste ano, nove dias antes da abertura da Copa das Confederações, a obra de construção do Expresso DF vai atrasar, pelo menos, seis meses. Agora, a nova previsão de data para a conclusão do Eixo Sul, que vai ligar Gama e Santa Maria ao Plano Piloto, é dezembro de 2013.

As obras no canteiro central e nas laterais da Epia trazem transtornos ao trânsito. Foto: divulgação

O secretário de transportes, José Walter Vasquez, ouvido por este blog, nega que o atraso seja decorrente da falta de recursos para tocar a obra. Até março deste ano, teriam sido investidos R$ 130 milhões. No início, a obra tinha sido orçada em R$ 553.619.830,71, mas os informes do GDF à imprensa já mencionam a cifra de R$ 785 milhões, 41,8% a mais.

Segundo os informes do GDF, as obras do Expresso Sul criando um corredor exclusivo de ônibus foram iniciadas em seis de dezembro de 2011 – e deveriam estar concluídas em 12 meses -, com verba própria do governo do Distrito Federal. Em 14/4, foi acertada a entrada de recursos do governo Federal. Um acordo entre a Casa Civil da presidência da República, a Caixa Econômica Federal e o GDF selou a garantia dos repasses necessários para a finalização da obra. Ainda neste mês, segundo o informe oficial, parte da verba será repassada a administração candanga.

A idéia é transportar cerca de 220 mil brasilienses, em um tempo de viagem de aproximadamente 50 minutos. Ele está sendo projetado para transportar 20 mil passageiros por hora. Ao optar pelo Expresso DF, a administração Agnelo abandonou o projeto de mobilidade de Brasília baseado numa linha de metrô interligando o Gama ao Plano Piloto e outra transversal, denominada inter-satélites, ligando aquela cidade à Ceilândia, com interconexões à linha 1 do metrô, em Samambaia, Taguatinga e Ceilândia.

Leia também:

Obra do Expresso DF vai atrasar, pelo menos,seis meses. Custo também já é outro. Foto: Chico Sant'Anna
Obra do Expresso DF vai atrasar, pelo menos,seis meses. Custo também já é outro. Foto: Chico Sant’Anna

Além da construção de uma via expressa para ônibus, na parte central da Epia, o projeto prevê a implantação de terminais em Santa Maria e no Gama, 15 estações intermediárias, 15 passarelas, além de ampliação ou construção de anexos nos terminais das Rodoviárias do Plano Piloto e do Gama.

No final de 2012, em especial na segunda quinzena de dezembro, as obras foram praticamente paralisadas. Extra-oficialmente, informou-se que os operários tinham sido liberados pela falta de pagamento do GDF ao consórcio BRT-SUL, responsável pelas obras e formado pelas construtoras Andrade Gutierrez, OAS e Via Engenharia.

Segundo José Walter, as obras de fato tomaram um ritmo mais lento no final do ano passado, mas isso foi em decorrência de uma política de recesso de fim de ano adotada pelo Consórcio para o período de festas. A razão dos grandes atrasos seria de fato, segundo ele, em decorrência da demora na emissão de licenças ambientais para a retirada de cascalho e terra usadas nos aterros da obra.

Atraso nas obras retarda entrada em funcionamento dos novos ônibus.

Novos ônibus

O atraso nas obras terá como principal conseqüência o retardo na entrada em funcionamento dos novos ônibus, recém licitados pelo GDF. A chamada Bacia 2 do transporte coletivo do Distrito Federal foi uma das primeiras a serem licitadas. A Viação Pioneira, vencedora, será obrigada a colocar 640 ônibus nas rotas que atenderão ao Park Way, Santa Maria e Gama, por onde passa a linha Sul do Expresso DF, mas também às localidades do Itapoã, Paranoá, Jardim Botânico, Lago Sul, Candangolândia e São Sebastião.

O calendário original previa a coincidência da entrega das obras e da entrada em funcionamento dos novos ônibus – com portas do lado esquerdo, já que as novas paradas do Expresso DF estão sendo instaladas no canteiro central da Epia.

O novo cálculo prevê o funcionamento parcial de novos ônibus a partir de setembro. Eles irão trafegar por rotas com pistas novas e velhas. Ou seja, com paradas de ônibus à direita e à esquerda. Somente em novembro, ou dezembro, se tudo der certo, deverão começar a operar de forma experimental os novos ônibus articulados com porta do lado esquerdo e com capacidade para cerca de 150 passageiros.

Para fugir dos engarrafamentos, motoristas indiciplinados aproveitam a falta de policiamento e invadem os canteiros laterais gramados.

Trânsito

O adiamento das obras prorroga também a agonia dos motoristas do Gama, Santa Maria e do Entorno Sul que se dirigem ao Plano Piloto. A partir do viaduto do catetinho, quem vem sofrendo a sobre carga de veículos são os residentes no Park Way. Eles estão sendo obrigados a conviver com um fluxo bem mais intenso e bem mais desordenado de carros, caminhões e ônibus nas vias de serviços paralelas à Epia. Além do maior volume do trânsito, a indisciplina e irresponsabilidade dos motoristas, que trafegam na contramão, em alta velocidade, e invadem canteiros gramados, colocam em permanente tensão as imediações das obras. Faltam sinalizações e policiamento. Sobram acidentes. O mais notório foi a colisão de um caminhão que trazia cadeiras para o estádio Mané Garrincha. Ele perdeu o controle, colidiu com um container e com uma pá-escavadeira, que estavam no canteiro central.

O atraso das obras deverá provocar muitos transtornos no trecho entre o Balão do Aeroporto e a Estação Sul, localizada perto do Jardim Zoológico. É que as obras do Expresso-DF estarão sendo tocadas simultaneamente com a construção de um corredor especial para delegações e autoridades que virão a Brasília para a Copa de 2014. Esta segunda obra recém começou. Isso, sem falar com a implantação dos trilhos do VLT, que se não for adiada mais uma vez, deve começar logo após a Copa as Confederações.

Moradores já procuraram a Polícia Militar, Detran-DF, já se reuniram com o Conselho de Segurança, com a administração regional…, tudo em vão. E quando chove, como não há captação de águas pluviais, ai é que o estrago fica total.

Enquanto as obras inseridas no PAC Mobilidade Grandes Cidades não terminam e o GDF não providencia um trânsito alternativo mais seguro, restará aos moradores o protesto nas redes sociais, como este vídeo abaixo.