Por Chico Sant’Anna
Preservar a última mancha urbana de cerrado no Plano Piloto ou autorizar a construção de 28 prédios? Decisão sairá no Conam-DF
Os defensores do meio-ambiente e da preservação do Plano Piloto, em especial do Sudoeste, ganharam mais tempo. O Conselho de Meio-ambiente do DF decidiu fazer um pente fino no processo de liberação da obra do que foi denominado Quadra 500 do Sudoeste.
Localizada às margens do Eixo Monumental, trata-se de uma das últimas manchas originais de cerrado no Plano Piloto; A área para fins institucionais, inicialmente da Marinha do Brasil, foi permutada com a construtora Antares. Lá surgiriam as quadras 500 e 501 do Sudoeste, abrigando, num espaço de 140 mil metros quadrados, 22 prédios residenciais e seis comerciais. Os oponentes ao projeto imobiliário defendem que ali abrigue o Parque das Sucupiras.
O projeto Quadra 500 avança e retrocede há anos nas esferas administrativas do GDF e judiciárias. Agnelo Queiroz e Geraldo Magela quiseram inseri-lo no PPCUB, mas a mobilização social não permitiu.
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A Associação Parque Ecológico das Sucupiras (APES) solicitou o cancelamento ou a revisão da licença concedida para o início da obra. Alega que a presença de mais 4.000 novos moradores, uma frota adicional de 3.200 veículos – segundo os cálculos da empreiteira -, sem contar com visitantes e consumidores, iria impactar em demasia o meio-ambiente e a mobilidade urbana, já tumultuada no local. Segundo o secretário do meio-ambiente, André Lima, a autorização pregressa do projeto não foi submetida ao Conselho de Meio-Ambiente do DF e que há indícios de que o projeto foi alterado para abrigar uma população ainda maior, o que levaria obrigatoriamente um novo exame.
Fui colaborador de Lucio Costa no desenvolvimento do seu Plano Piloto desde a criação da Divisão de Urbanismo da NOVACAP em 1957.Participei do seleto grupo de arquitetos comandados por Augusto Guimarães Filho,única pessoa indicada pelo Lucio para ser o seu Representante Pessoal na estrutura então criada pela NOVACAP. Era ele o “arguto engenheiro”(como a ele se referiu o Lucio certa vez), admirador de Lucio e dedicado colaborador em obras de sua autoria (entre elas destacam-se o Parque Eduardo Guinle e o Banco Aliança, ambos no Rio de Janeiro). Sempre afirmei que “sem o Guimarães Brasília não teria saído do papel”.Dizia isto, inicialmente, em conversas reservadas ao comentar a sua importante e fundamental participação no desenvolvimento do projeto.Nele Lucio depositava total confiança e reconhecimento de sua capacitação profissional. Isto dito, afirmo que as profundas intervenções que foram sendo feitas na cidade após 1964, seja pelo inchamento do Estado e pela não existência de um Plano Regional para a área do Distrito Federal (como foi preconizado por Lucio Costa no seu Relatório do Projeto), e, também, a omissão dos órgãos responsáveis pela preservação do Plano (posteriormente tombado e, a seguir, declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO), tudo isto resultou numa irreversível desfiguração da ideia original então proposta pelo seu autor. Não se pode esquecer também a atuação nefasta dos especuladores imobiliários, sempre ávidos por lucros não se importando pelos estragos decorrentes de suas deslavadas ambições.Existem moradores antigos da cidade que se esforçam em defender o que ainda resta do plano original. Sou, no entanto cético em relação ao exito de suas reclamações. Nenhuma autoridade está interessada na preservação da “civitas” proposta por Lucio Costa. Para elas a Capital é vista como uma cidade convencional igual as demais existentes.A “conurbação”das chamadas cidades satélites com o Plano Piloto não tem mais volta! E o que se percebe nos dias de hoje é o lamentável crescimento de problemas que afetam qualquer cidade existente no país. Cito algumas aberrações – o Lago Paranoá não deveria ter pontes e hoje tem cinco e caminha para mais uma; o número de Ministérios foi inicialmente previsto (e construído) em onze, podendo admitir mais cinco.Hoje existem 39 Ministérios.E tome de construir anexos fora da Esplanada; A Área reservada para a Marinha no Eixo Monumental foi generosamente dimensionada pelo Dr.Guimarães, justamente para preservar a cidade de um adensamento indevido como se pretende agora. A Marinha usaria a área com baixa densidade e edificações com pouca altura.Este foi o compromisso assumido com a NOVACP Como pode ela vender agora a área para especuladores que só pensam nos seus lucros? E quem justifica o projeto apresentado como um projeto que respeita as ideias propostos pelo Lucio e os critérios que regem o tombamento do Plano?Eu poderia ficar listando várias outras “intervenções malignas” que se somam à desestruturação do Plano.Prefiro, porém, parar por aqui. Tudo isto é lamentável e destruidor de um Plano excepcional que previa uma nova forma de viver.Cidade Jardim, espaços livres e arborizados para desfrute dos moradores. Como diz o Lucio no seu Relatório “… uma cidade agreste, bucólica e amena, própria ao devaneio intelectual…” “…Uma “civitas” e não uma
simples e mera urbe” … Acrescento : impensável para representar o Brasil no Conserto da Nações.
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Sudoeste não é Plano Piloto. Mas essa quadra não pode surgir!
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E quem são os “Gedéis” de Brasília, os “bocas de jacaré” que a todos pressionam para liberar espaços públicos para o lucro da construção civil e o prejuízo de qualidade de vida para a população? E quem são os pressionados “Iphans” que se vergam? Nunca teremos um “Calero” para denunciar os esquemas?
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Boa pergunta? Você tem idéia de quem são?
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