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O MAB está todo deteriorado. De fora, paredes rachadas e infiltrações na estrutura de concreto.

Por Chico Sant’Anna. Foto de Taciano Carvalho/Gama Livre

Não, não se trata de montagem surrealista.
O quadro é mesmo de abandono total.

Inaugurado em 1985, o Museu de Arte de Brasília (MAB) está todo deteriorado. De fora, paredes rachadas e infiltrações na estrutura de concreto. Nas janelas, vidros quebrados, esquadrias apodrecendo. Móveis abandonados na área externa do prédio, rede de esgoto e captação de águas pluviais detonadas.

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Publicado originalmente na coluna Brasília, por Chico Sant’Anna do semanário Brasília Capital

Dentro, fiações elétricas expostas, buracos no teto, que na chuva transformam-se em cachoeiras. No chão, poças de água, berço predileto para o mosquito da dengue, da zika e do chikungunya. Moradores próximos ao MAB se queixam que ali virou ninho de ratos e escorpiões.

Assim está o MAB. Situado em área privilegiada às margens do Lago Paranoá, abrigou mais de mil obras de artes, moderna e contemporânea. Ao custo de R$ 4 milhões, sua reforma foi anunciada em 2013, no governo Agnelo Queiroz. A proposta arquitetônica previa sala multiuso, laboratório de restauração, sala de serviço, uma exposição permanente de esculturas num espaço aberto com 1.005m², biblioteca e sala de vídeo. Tudo deveria ter ficado pronto em maio de 2015.

Veja os vídeos:

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Do antigo MAB, na área externa, das obras de arte no local, só restou uma escultura marcada por pichação, revelando o abandono do museu pelo governo do DF.

Em março de 2015, já no atual governo, o contrato foi suspenso. Em abril de 2016, Rodrigo Rollemberg emitiu um despacho determinando que a secretaria de Gestão do Território e Habitação aprovasse com urgência o projeto arquitetônico da reforma do MAB.
Pergunto me: não bastaria um telefonema ao secretário pedindo urgência?

Na verdade, falta dinheiro, ou melhor, falta prioridade em gastos. A menos de um quilômetro do MAB, na Concha Acústica, o GDF apoiou o projeto Na Praia, dito cultural. Segundo revela em sua coluna o ex-chefe da Casa Civil do GDF, jornalista Hélio Doyle, o Buriti autorizou uma renúncia fiscal de R$ 100 mil dos patrocinadores privados ao Na Praia e ainda liberou mais R$ 240 mil em apoio cultural do BRB.

Do antigo MAB, na área externa, das obras de arte no local, só restou uma escultura marcada por pichação, revelando o abandono do museu pelo governo do DF.