Por Chico Sant’Anna
A cada ano mais carros e menos vagas nos estacionamentos. O detran registra, em média, 90 mil carros novos. Não é por menos que vivemos diariamente em engarrafamentos e não achamos vagas para estacionar.
A saída não é a construção de mais faixas de rolamentos em nossas avenidas, nem mesmo a abertura de novos estacionamentos. Falam até em estacionamentos subterrâneos, para dar mais dinheiro para as empreiteiras, que reforçam os caixinhas de pandoras.
O melhor é um transporte eficiente, integrado e com bilhete único. Metrô, ônibus, VLT, trem regional, zebrinha, bicicletas públicas, tudo associado de forma inteligente.
São necessários ônibus modernos, pontuais, confortáveis, com ar condicionado. As linhas nãopodem apenas circular no sentido horizontal do Plano Piloto (Norte e Sul e vice versa). Precisam circular também no sentido Leste Oeste e esta é uma tarefa para os zebrinhas. Faltam também ônibus executivos, os frescões do tipo que circulam no Rio de Janeiro e São Paulo
Metrô
É preciso que o metrô seja completado com todas as suas estações em operação (sugiro inclusive que se crie uma em frente ao Hospital de Base) e que ele seja mais amplo, que atenda a UnB – onde circulam mais de 20mil pessoas diariamente -, chegando ao final da Asa Norte.
Lá, perto da Ponte do Bragueto, deveria ser erguido um grande terminal de integração para atender Sobradinho, Planaltina, Condomínios, Lago Norte, Paranoá e Varjão. Assim, os ônibus das grandes linhas não precisariam entrar no Plano Piloto. O mesmo deve acontecer de quem vem das cidades satélites situadas ao Sul do Plano Piloto.
Em Samambaia, na estação de Furnas, é bastante racional que haja um ramal para atender a população do Recanto das Emas e do Riacho Fundo II. Estas cidades abrigam quase 100 mil pessoas. O trecho teria apenas 5 km de distância, mas que podem retirar milhares de carros das avenidas e dar mais conforto e cidadania de quem vem daquelas localidades.
Biciletários públicos
Como em alguns países europeus, Brasília pode introduzir um sistema de bicicletas públicas associado ao transporte coletivo. Da Rodoviária, por exemplo, poderíamos ter uma ciclovia percorrendo toda a Esplanada dos Ministérios. Os servidores chegariam de metrô pegariam as bicicletas públicas, pedalariam até o respectivo ministério, deixando-as lá nos bicicletários públicos. Não é sonho, cada vez mais no mundo todo a bicicleta é reintroduzida como opção de transporte limpo e saudável.
Trem Regional de Passageiros
Tenho defendido que a linha do Trem Bandeirantes, da extinta RFFSA, seja transformado no trecho que sai de Luziânia – GO até a Rodoferroviária em trem regional de passageiros, A linha atualmente só transporta carga e está ociosa. A sua adequação ao transporte de passageiros pode retirar milhares de pessoas que vêm do Entorno Sul e de Santa Maria e Gama todas as manhãs. O engarrafamento começa ainda antes do sol nascer e não acaba antes das 9 da manhã. À tarde o drama é o mesmo só que com sentindo inverso: Brasília -Entorno.
Sou moradora do entorno, e acho um absurdo como os governantes tem um descaso tremendo com todos, enfretamos engarrafamento todos os dias para ir trabalhar, para chegar em casa. E muitas vezes os patrões simplismente não acreditam que acontece essa palhaçada todos os dias, e falam para dar um jeito de sair de casa mais cedo. Enquanto isso entra governo e sai governo e ninguém faz nada, e a sociedade fica só na promessa. Muitos perdem oportunidades de emprego devido ao horário de chegada.
Em nome de todos do entorno peço para quem for de direito que olhe mais pelo entorno afinal é considerado como cidades dormitórias.
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Cara Joana.
Não sei exatamente sobre qual entorno você está se referindo. Para o entorno Sul, Valparaiso, Cidade Ociedental, Luziania, Pedregal etc, tenho pregado a transformação do antigo Trem Bandeirantes e um trem regional de passageiros. Com isso creio que propiciaremos um sistema de transporte mais confortável, mais barato e ágil, já que contaria com integração com o metrô e os ônibus com bilhete único.
Você poderá ver detalhes desta proposta neste blog.
Creio que o engarrafamento acabaria facilmente.
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Gostaria de saber em que fase estaria a negociação para a implementação da “Revitalização do Trem para ligar o Entorno sul à Brasília”. Esta ferrovia seria aquela que é atualmente utilizada para transporte de cargas, e que passa dentro de uma área de propriedade da União (sob a responsabilidade da Marinha do Brasil)?
Obrigado!
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Daniel, não sei te responder com precisão. Defendi estas proposta durante as eleições de 2010, qdo fui candidato ao Senado pelo Psol. Na ocasião, a coligação Agnelo Filippelli fez troça da idéia. Recentemente, o governador já eleito percorreu os trilhos a bordo de uma vagonete e prometeu adotar a proposta como solução para o trânsito do Entorno Sul do DF. Depois nunca mais se ouviu falar nada. Portanto, não sei se ele tomou a iniciativa apenas para os holofotes da imprensa, ou se de fato vai adotar a idéia de um Trem Regional, como eu havia proposto.
A linha de trem atual passa nas proximidades de uma área denominada Área Alfa, próximo ao Catetinho, que é de propriedade da Marinha. Se ela atravessa ou contorna a propriedade eu não sei te informar. Na seqüência, o trajeto atravessa ao Park Way, passa pela Metropolitana, Núcleo Bandeirantes, Guará, SIA, Setor de Inflamáveis e termina na Rodoferroviária.
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Oi Chico,
Morei em Bath, Inglaterra, uma cidade pequena e pacata durante a semana mas com enorme quantidade (quase insuportável) de turistas nos finais de semana e feriados. A solução deles foram grandes estacionamentos proximos das entradas da cidade e onibus a baixo custo (1/3 do valor normal), circulando a cada 15 minutos, indo até a área central.
Acho que de inicio, devido à urgencia, devem ser buscadas boas soluções imediatistas para cada caso, depois é hora de colocar linhas de metrô. O importante agora é manter os carros fora do Plano Piloto, muita gente que vem do entorno Norte, poderia deixar os carros (com segurança!!!!!) na Granja do Torto e seguir dali para o Plano em onibus barato, como acontece em Bath.
Para a área central sou fã dos bicicletários públicos, porém me pergunto como impedir o furto.
um abraço
Marisa
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Olá Marisa.
Não conheço esta experiência inglesa, mas a proposta de se tirar os carros do centro da cidade já são práticas comuns em vários países. Na Inglaterra mesmo, há um pedágio para quem vai ao centro. Em outras cidades, o estacionamento é mais caro. Mas em todas elas, há alternativas de transportes públicos eficientes para que a pessoa possa deixar seu carro em casa, ou na periferia. E é isso que falta a Brasília.
Faltam alternativas para quem precisa de locomover no centro da cidade. Se você quiser ir da Asa Norte para a Asa Sul, n]ao há metrô, o ônibus é ruim e caro.
No Setor Comercial Sul e na Esplanada dos Ministérios deveríamos ter um sistema de bicicletas e bicicletários públicos. O cidadão quese destina a um dos ministérios, poderia pegar uma bicicleta pública na Rodoviária e devolvê-la a um bicicletário público em seu destino final. São soluções fáceis, mas que não dão dinheiro às empreiteiras.
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Oi Chico,
Você acha que bicicletas públicas funcionariam em Bsb? Estamos prontos para tanto? A experiência com as faixas já provou que somos “educáveis” , no entanto qdo se trata de um bem móvel, de facíl locomoção, me parece mais complicado. A UnB, por exemplo, é um local para onde flue grande quantidade de bicicletas e o número de roubos nos estacionamentos é enorme, lá havia um projeto para implantação de bicicletários públicos, mas acho que até hoje não saiu do papel….
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Oi Marisa.
Creio que tudo passa por um processo de educação. Quando implantaram os primeiros orelhões e as primeiras caixas de coletas dos correios, os equipamentos foram alvos de vândalos. E hoje já fazem parte da paisagem urbana da cidade. Morei numa cidade francesa, Rennes, na qual os potenciais usuários faziam um depósito caução de 70 euros, cerca de R$ 150 reais, e ganhavam um cartão magnético para desbloquear as bicicletas dos bicicletários. Esta caução já diminuía em muito as possibilidades de vandalismo, pois a partir do momento em que o cartão era utilizado, o usuário passava a ser responsável pela bicicleta. Você tem razão, a UnB seria um excelente local para experiências alternativas de transporte. Infelizmente, não se vê nada neste sentido por lá. Poderiam organizar diversas iniciativas: bicicletas públicas, caronas organizadas, veículos elétricos, mas pouco se vê naquela universidade que deveria ser a mina de novas idéias e práticas.
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É isso aí, Chico. Sem querer desmerecer seu belo post, o caminho é simples, só não vê quem não quer. É inacreditável até hoje ouvir da boca de “gestores públicos” – e de políticos por eles “orientados” – que é preciso construir estacionamentos, abrir mais faixas de rolagem, desincentivar o uso da bicicleta para não “criar mais problemas”… Pena que esse debate se confine, quase sempre, às redes sociais. Quando chega à arena pública, é sempre relativizado, para sugerir que “não é bem assim”, que não é tão fácil. Ninguém disse que é fácil, mas sim que é simples.
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