
São Paulo concentra 66,2% dos voos internacionais que chegam ao Brasil. Goiás baixa impostos sobre combustível de aviação na busca de atrair mais voos para o Santa Genoveva.
Por Chico Sant’Anna
Em mais um round da permanente disputa com o governador Ibaneis Rocha, o governador de Goiás, o Democrata, Ronaldo Caiado, resolveu comprar briga contra a política candanga de atração de voos e turistas. Desde o início do ano, vigora no DF a redução pra 12% da alíquota de ICMS incidente sobre o querosene de aviação. Agora, o governo de Goiás baixou seus ICMS, dos atuais 15%, para 7%. É a menor alíquota do país. Como combustível representa 30% dos custos aéreos, a medida visa atrair mais voos para o Aeroporto Santa Genoveva, localizado a 200 quilômetros da Capital Federal. Caiado aposta em um “considerável” aumento do número de voos partindo de Goiânia para várias regiões do País. Essa medida morde os calos do GDF e do aeroporto de Brasília, em especial no que diz respeito as linhas domésticas.
A polarização entre Ibaneis e Caiado é mais do que visível e vem se acirrando mês a mês. Não há sintonia entre os dois, que sonham com o Planalto. No início do ano, Caiado se aborreceu quando Ibaneis fez uma viagem até o Entorno do DF de avaliação da linha férrea da antiga RFFSA. Ibaneis prometeu em campanha implnatra o Trem Regional, entre Brasília e Luziânia, em Goiás. Posteriormente, o GDF foi surpreendido com uma iniciativa goiana que visava alterar as regras do Fundo Constitucional do DF fosse para Goiás e Minas. Agora, é a política fiscal para atrair mais voos para Goiania. Vamos esperar os próximos rounds e torcer para que nessa guerra sobre alguns descontos para os passageiros. Enquanto isso, São Paulo continua monopolizando os voos internacionais que chegam e parte do Brasil.
Para mais detalhes, leia:

Voos internacionais: Oligopólio Paulista
A Empresa Brasileira de Turismo festeja o crescimento dos voos europeus para o Brasil. Mas o crescimento é muito tímido, apenas 1,93%. De outubro de 2018 ao mesmo mês desse ano, o pais passou de 1.086 para 1.107 voos.
Os dados demonstram que a abertura total ao capital estrangeiro do controle acionário de companhias aéreas brasileiras, ao contrário do prometido, não causou o crescimento esperado. Tão pouco as medidas de cobrança de bagagens. No acumulado do ano, de janeiro a outubro de 2019, o Brasil registrou aumento no número de voos dos continentes africano em 1,88%, e asiático em 8,81%.
Guarulhos
O dado mais grave que os números da Embratur revelam é a grande concentração de voos internacionais, quase um oligopólio, dos aeroportos paulistas de Guarulhos e Viracopos. Dos 954 voos internacionais diretos que as cidades brasileiras receberam no mês de outubro desse ano, São Paulo se destaca com 632 deles. Ou seja, 66,2% das frequências. Como o aeroporto de Campinas opera basicamente aviões de carga, o movimento fica mesmo é em Cumbica. A cidade Maravilhosa, outrora polo maior de atração turística do Brasil, aparece em segundo lugar com tímidos 194 chegadas (20%). Porto Alegre e Brasília são os destinos de apenas 4%, cada um, das aeronaves internacionais. Fortaleza que passou a sediar o hub (base de conexões) da Air France/KLM já é o quinto portão de entrada internacional do Brasil. Recebeu 28 voos (2,9%) e Recife, 23 (2.4%).
Até março de 2020 estão previstos mais 118 novos voos internacionais e frequências adicionais tendo como destino o Brasil. O problema é que a maioria desses novos voos vão se concentrar nos portões já tradicionais. Não há uma regionalização. O Turismo é um importante fator de desenvolvimento econômico e como tal, deveria ser distribuído com maior equidade pelas diversas regiões do Brasil. Chama a atenção a ausência de Manaus dentre os aeroportos com maior afluxo do turismo internacional e mesmo Brasília, que além da sua posição geográfica estratégica, foi considerado em 2017 como o melhor do país em pesquisa realizada pelo Ministério dos Transportes.
Prezado
Li sua atenção sua análise buscando avaliar uma possível concorrência entre os aeroportos de Brasília e de Goiânia.
Minha experiência de 45 anos na INFRAERO diz que os aeroportos são apenas portais das cidades. Que atraem ou afastam voos em razão da sua capacidade de gerar demanda de passageiros e disponibilizar outros modais de transporte com eficiência.
A redução do ICMS sobre combustíveis de aviação seria muito bom, se ocorresse no nível Nacional, para incrementar o transporte aéreo no Brasil.
Posso citar como exemplo os Aeroportos do Galeão no RJ e o de Guarulhos em SP. O do Galeão é muito melhor operacionalmente, nível do mar, pista longa e grande capacidade de pátio de manobras e estacionamento. No entanto os assaltos na linha vermelh e na av.Brasil, espantam os passageiros e o excesso de roubos de carga, espantam as empresas aéreas, que preferem Guarulhos com 700 m mais alto e apenas uma pista, com tamanho menor.
Obrigado
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