“Ao longo prazo, está comprovado que estes sistemas de ônibus não passam de remendos e ao não focar no cerne do problema de transporte o caos veicular tende a permanecer.” – disse a pesquisadora à agência de notícias argentina Paco Urondi.
Pesquisadora argentina condena a eficiência do sistema de ônibus expresso que o Governo do Distrito Federal pretende implementar na Capital federal. Um sistema equivalente, implantado há mais de uma década em Buenos Aires, capital da Argentina, foi por ela analisado e reprovado quanto aos quesitos eficiência, retorno dos investimentos públicos e contribuição à melhoria das qualidades ambientais da localidade onde os ônibus estão sendo introduzidos. A análise foi feita comparativamente aos serviços de transportes por meio de metrôs.

O sistema de transporte público de Buenos Aires conta, além de um importante metrô, com um sistema de ônibus semelhante ao Expresso DF, que o governo do Distrito Federal pretende implantar em Brasília. Ambos estão na categoria Bus Rapid Transit – BRT. Em Buenos Aires, ele opera desde 2009 e vem sendo alvo de críticas dos usuários e também por especialistas em transporte público e urbanista.
A mais recente crítica partiu da professora de Arquitetura da Universidade de Buenos Aires – FADU/UBA, Gabriela Sorda. Segundo ela, o “metrobús” buenairense se mostrou, depois de pouco mais de uma década, ineficaz.
“O ‘metrobús’ portenho é uma má cópia do sistema implantado em Curtiba em princípio dos anos 70 e que rapidamente se expandiu para a América Latina e para outras partes do mundo sob a denominação sistema de trânsito rápido (BRT – Bus Rapid Transit). Isso ocorreu pelo fato dele permitir dar certa organização ao trânsito com investimentos mais baixos do que a construção de metrôs. Isso permitiu aos governos locais chegar até a eleição subseqüente com fotos muito bonitas para as campanhas. Ao longo prazo, contudo, está comprovado que estes sistemas de ônibus não passam de remendos e ao não focar no cerne do problema de transporte o caos veicular tende a permanecer. – disse a pesquisadora à agência de notícias argentina Paco Urondi.
Segundo a pesquisadora, quando analisado sob a ótica da eficiência orçamentária, os estudos econômicos têm comprovado que o sistema BRT só se mostra econômico quando os investimentos são analisados a curto prazo. “Num prazo de 20 a 25 anos, os investimentos em metrôs se mostram mais eficientes e menos onerosos. Ressalte-se que estes estudos consideram apenas os custos em obras de infra-estrutura, sem levar em conta a alta de combustíveis fósseis – óleo diesel – necessários a fazer movimentar os ônibus. Estes estudos também não levam em conta os benefícios em termos ambientais e de saúde pública de um sistema de transporte elétrico em comparação a outro movido a diesel. O nível de ruídos também é bem menor – ressalta a acadêmica.
A capital da Colômbia, na qual muitos projetos novos, inclusive o de Brasília, procuram se inspirar apresenta problemas semelhantes ao referenciados pela pesquisadora. A foto acima, mostra o flagrante de engarrafamento de ônibus nas vias exclusivas e a incapacidade de dar vazão a multidão de passageiros que necessitam de transporte. Resultado: o trânsito permanece caótico. É sempre bom lembrar que, em média, uma composição de trem de metrô transporta o equivalente a 10 ônibus.
Nem tanto ao céu, nem tanto à terra. Brasília e Buenos Aires são cidades com densidades e dinâmicas urbanas muito diferentes. É preciso ver esse tipo de opinião com cautela.
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O governo do DF está há muito com o pneu murcho. E o pior é que não é só na área do transporte público. É murcho na segurança, na educação, na saúde. Só é inflado no estádio, e como é inflado
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Eu acho engraçado que as pessoas idolatravam Jaime Lerner por ter implantado o BRT de Curitiba. Então o BRT é um fracasso? Eu não vejo dessa forma. Se ele, realmente isolado, sem integração com outros modais eu posso até concordar. Agora, um exemplo: BRT vs VLT ou mesmo Metrô de Gama/Santa Maria para o Plano Piloto. Vários estudos sérios atestam, eram INVIÁVEL, por um motivos, passar uma gigantesca área residencial de baixa densidade demográfica chamada Park Way. Somente esse gigantesco trecho inviabiliza qualquer transporte de massa de maior capacidade. Simples, estou falando apenas em relação IPK (indice de passageiros por quilometro). Ainda mais que existe uma pré disposição dos moradores não aceitarem adensar o lugar, inclusive liberando áreas comerciais. Então, nesse caso, é VIÁVEL o BRT. Agora, se a rota fosse outra, como por exemplo, que consta na expansão do metrô entre Taguatinga Norte até Gama/Santa Maria apelidada de inter-satélites, aí eu concordaria, que existe demanda de sobra nesse trecho, mesmo que exista grandes bairros que concentram aproximadamente 1.000.000 de habitantes. Bem diferente do trecho do Park Way, que existe míseros 25.000 habitantes.
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Sugiro reler o texto de onde tira a informação. A pesquisadora não diz que o sistema existe há 12 anos, e sim que a avenida em que foi implementado faz parte do seu trajeto há doze anos. Não sou defensora do BRT, mas existe uma diferença significativa na hora de avaliar o tempo de vida útil de uma política. O metrobus de Buenos Aires funciona há mais ou menos três anos, se não me engano.
http://www.agenciapacourondo.com.ar/opinion/10707-el-metrobus-porteno-caro-ineficiente-y-poco-sustentable.html
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Cara Elisa Rosas
Seu alerta foi importante. De fato,o Metrobus de Buenos Aires não tem 12 anos, ele foi inaugurado em 2009. Já fiz a correção, mas creio que a idade mais jovem do BRT de Buenos Aires apenas agravou as críticas. Se em apenas quatro anos o sistema está saturado,creio que a situação ficou ainda mais delicada, obrigando a repensar as obras em Brasília.
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