
O Park Way tem uma fauna rica em diversidade, com animais pouco vistos em áreas urbanas. Infelizmente, são múltiplos os casos de atropelamento de animais. Faltam iniciativas para que se criem passagens subterrâneas e aéreas para animais silvestres. As poucas placas de alerta sobre a presença da vida silvestre já estão se deteriorando com a ação do tempo
Por Chico Sant’Anna
Uma tamanduá bandeira e seu filhote foram atropelados na noite de quarta-feira, 28/4, nas proximidades da quadra 18 do Park Way. Os dois animais foram resgatados pela Polícia Ambiental e levados pela manhã de quinta ao Jardim Zoológico para socorro veterinário. Infelizmente, a mãe não sobreviveu. O motorista responsável pelo atropelamento chamou a Policia Ambiental na tentativa de reverter o dano maior.
O filhote é do sexo feminino, tem cerca de um mês de idade e segundo informações recebidas por esse blog, está fraco mais sendo cuidado com todo carinho pelo pessoal do Zoológico.
Há meses, o animal já vinha sendo visto por moradores do Park Way, em especial no trecho que vai da quadra 18 à 14. Nas redes sociais dos moradores do bairro, havia apelos para que as pessoas dirigissem com atenção e em baixa velocidade. Também era solicitado das autoridades redutores de velocidade e sinalização específica.
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O tamanduá-bandeira está na lista de espécies ameaçadas de extinção no Brasil. Décadas atrás, ele existia em todos os biomas nacionais. Hoje, contudo, a espécie é considerada extinta nos Pampas e na Caatinga e na Mata Atlântica, segundo o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), o status é de “quase extinta”. Explorador da National Geographic, o biólogo Vinicius Alberici, alerta que “se não agirmos rápido, o tamanduá-bandeira corre o risco de ser extinto”.

A degradação ambiental e a redução de espaço para o seu habitat são apontadas como as principais causas da perda populacional da espécie, que pode chegar a dois metros de comprimento e pesar cerca de 39 kg. A sua caça, embora proibida, e os atropelamentos, além dos incêndios florestais, aparecem como fatores marcantes do extermínio dessa espécime.

Passagens seguras
O Park Way tem uma fauna rica em diversidade, com animais pouco vistos em áreas urbanas. Não longe dali, recentemente foi filmado um belo exemplar de Lobo Guará e também uma manada de capivara, que tem por hábito noturno fazer suas caminhadas.
Infelizmente, são múltiplos os casos de atropelamento de animais. Na maioria dos casos são animais de menor porte, marsupiais, saguis, furões, aves de todos os portes mas, em novembro de 2017, uma onça suçuarana foi vítima do trânsito.
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Um bicho-preguiça só não teve o mesmo destino, pelo fato de um motorista ter parado o trânsito, tempos atrás, próximo ao Balão do Aeroporto.

Ainda assim, não há por parte do Governo do Distrito Federal, seja pela área ambiental, secretaria de Meio-ambiente e Instituto Brasília Ambiental, seja pelas autoridades de trânsito, seja pela administração regional do bairro, iniciativas para que se criem passagens subterrâneas e aéreas para animais silvestres. As poucas placas de alerta sobre a presença da vida silvestre já estão se deteriorando com a ação do tempo.
Por estar inserido dentro da Área de Proteção Ambiental Gama-Cabeça do Veado, o Park Way deveria estar contemplado em projetos de proteção da vida silvestre. O bairro vem sendo escolhido para a reintrodução de animais silvestres apreendidos pelas autoridades. Mas com que nível de segurança?
Uma característica do Park Way é que numa extremidade, ele conta com a vizinhança das unidades de conservação, do IBGE, da Fazenda Água Limpa da UnB e do próprio Jardim Botânico. Na outra ponta, estão os parques do Catetinho, do Córrego da Onça, Lauro Müller e o Luiz Cruls. Não existe um corredor ecológico seguro interligando essas duas pontas. Dessa maneira, os leitos do córregos locais, notadamente os córregos do Cedro e do Mato Seco, afluentes do Ribeirão do Gama, atuam como corredores naturais. Mas eles atravessa rodovias, pistas internas e até mesmo lotes residenciais.

Parque Linear
Já há vários anos, moradores do Park Way, por meio de suas associações comunitárias, notadamente a AMAC-Park Way, a ACPW e o Conseg, têm requerido às autoridades ambientais a criação do Parque do Córrego do Mato Seco, de forma a proteger suas nascentes, mas também criar um corredor de transição da vida silvestre, interligando a ponta onde está o Parque do Catetinho e a outra extremidade, onde se encontram o IBGE e a Fazenda Escola da UnB.
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Há meses, esse pleito já recebeu sinal verde da Secretaria do Meio-ambiente, mas ficou nisso. Nenhum passo concreto foi dado e com a falta de provimento, as maiores vítimas são os animais, como essa mamãe tamanduá e seu filhote que ficou órfão.
Notícia triste, é um animal que chama a atenção pelo porte e por ser tão diferente.
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Dia do Ferroviário (30/04).
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