Passaros gaiolaPor Chico Sant’Anna

Iniciativas de instituições públicas e privadas estão re-inserindo animais nas matas do Park Way. Mas a grilagem de terras, a ação equivocada de alguns moradores, os planos de expansão do Aeroporto e a falta de fiscalização e punição por parte do Poder Público, podem contribuir para o fracasso de transformar o bairro num santuário para animais silvestres.

 

Eles estão voltando. Na verdade, são parentes daqueles que foram obrigados a deixar as matas do Park Way quando o bairro começou a ter uma ocupação mais acentuado. Ou que simplesmente foram capturados e engaiolados.

Mesmo assim, graças à preservação de algumas importantes manchas de vegetação natural, principalmente nas áreas da APA Gama-Cabeçado Veado, tem sido possível repopular o bairro com animais silvestres apreendidos pelas autoridades ambientais. No ano que passou, foram reintroduzidos cerca de 1.500 aves de diferentes portes e espécimes, além de 30 mamíferos.

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Se olhasse para a relação de aves reintroduzidas ao meio-ambiente, certamente Chico Buarque e Francis Hime poderiam compor uma nova versão de Passaredo.  Só de pintassilgos foi mais de uma centena. De coleiros e curiós, outras quatrocentas aves. Os canários-da-terra também estão voltando, colorindo as matas.

Por questão de segurança, para evitar a ação do homem que vem ai, como diz Chico Buarque na canção, não iremos precisar o local das solturas.

Se você quiser conhecer as aves típicas de Brasília, confira a lista no final desta matéria.

Curicacas até outro dia engaioladas compartilham do conforto dos jardins de residências no Park Way.
Curicacas, até outro dia engaioladas, compartilham do conforto dos jardins de residências no Park Way.

Aves de grande porte também foram contempladas. Carcarás, Falcões Cariri e até Urubu estão de casa nova.

Há aves de hábitos noturnos, como as Corujas e Curiangos, mas também temos as que preferem a luz do sol, como o Tico-tico, Azulão, Sabiá e Pássaro-preto.

O cerrado do Park Way ganhou ainda novos exemplares de Seriema, Galinha d’água e Curicaca. Algumas dessas aves já se ambientaram e sentem-se em casa nos jardins de muitos moradores que vivem próximos às áreas de soltura. Esse afortunados passaram a presenciar novos amigos ciscando pelos jardins de suas casas. As curicacas, sempre em casais, é um exemplo.

Bicho preguiça closeMamíferos

Veados, tamanduás, capivaras, tatus e bichos- preguiça são algumas das espécimes de mamíferos que voltaram ao meio-ambiente do Park Way.  Há roedores também.

A capacidade deles em permanecer na região e de se multiplicar depende muito do poder público e também dos moradores na preservação do ecossistema.

A administração regional do Park Way coordenou nesta virada de ano um importante programa de reflorestamento do bairro. Foram quase 15 mil mudas de árvores plantadas, buscando reconstituir o meio-ambiente.

Plantio de Mudas
Foram quase 15 mil mudas de árvores plantadas, buscando reconstituir o meio-ambiente.

Mudas obtidas junto à Novacap, Universidade de Brasília e Terracap. Todos esses órgãos deviam realizar ações de compensação ambiental em função de desmatamentos que provocaram decorrentes da realizaram de outros empreendimentos, na maioria imobiliários. Sorte do Park Way que ganhará mais sombras.

Mas de nada adiantará ações desse perfil, se o poder público não for mais efetivo no combate a grilagem, aos descarte de entulho e mesmo de lixo doméstico, às queimadas criminosas que eliminam em poucas horas o que a natureza levou anos para construir.

Park Way agressão ambiental
Falta fiscalização e, principalmente, punição para coibir as agressões ambientais no Park Way.

Não é preciso andar muito pelas vias do Park Way para encontrar, áreas invadidas por grileiros, restos de obra, pneus velhos, lixo doméstico. Tudo pela ação dos próprios moradores, que agem cientes de que, na prática, não há punição.

Falta fiscalização e principalmente punição.

Os mananciais d’água também precisam ser preservados. Não são poucos os casos de cursos d’água e nascentes desviadas ou aterradas – até mesmo por obras públicas como foi o caso da adaptação da EPIA para o BRT do Gama.

Historicamente, o GDF também não tem respeitado a natureza existente no Park  Way. Além do exemplo do BRT, outro caso gritante é o novo estacionamento para taxistas do aeroporto. A área para onde eles foram transferidos, após o despejo executado pela InfraAmérica, é de proteção ambiental.

No novo local não há saneamento, coleta de esgoto ou de lixo. Dejetos são jogados nas bordas de um quadradão pavimentado cuja vegetação ao redor serve de sanitário. A justiça já determinou a reconstituição do local, mas niguém age e a degradação aumenta cada vez mais.

Os Planos de expansão da InfraAmérica compreendem o avanço sobre uma grande área de cerrado ainda virgem,oque podeafugentar aindamaisanimais epioraro nivelderuídos,jáque amata abafa grande parte do barulho dos aviões.
Os planos de expansão da InfraAmérica compreendem o avanço sobre uma grande área hoje de cerrado ainda virgem (delimitada no croqui em forma de J, acima), o que pode afugentar ainda mais animais e piorar o nível de ruídos, já que a mata abafa grande parte do barulho dos aviões.

Aeroporto

Por isso, há dentre os moradores do Park Way um grande temor quanto aos planos de expansão da InfraAmérica. Todos temem que a Cidade Aeroportuária, com uma população projetada de 30 mil a 40 mil pessoas, com shopping e até um parque aquático, não só invada novas matas virgens, localizadas nos fundos das concessionárias de automóveis e também nos fundos da quadra 14 do bairro,  mas que com o volume de trafego de aviões, carros e pessoas espantem os animais que hoje, com muito custo, estão sendo reinseridos no bairro.

Quer saber mais sobre as aves típicas de Brasília?

Abaixo, 49 outras aves comuns à Capital Federal.
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