trens-rabicho-tunel-asa-1Cinco estações sem funcionar há mais de uma década

Por João Victor Bachilli/Agência de Notícias UniCEUB. Sob supervisão do Professor Luiz Claudio Ferreira.

Em 2009, o Distrito Federal foi incluído no chamado PAC da Mobilidade que beneficiaria na Capital Federal a conclusão da Linha 1 do metrô, chegando ao Seto O da Ceilândia, à Expansão de Samambaia e ao início da Asa Norte, próximo ao HRAN, além da implantação da primeira etapa do VLT. Ao todo, a verba representava cerca de R$ 1,2 bi, entre repasses a fundo perdido e financiamentos. Decorridos cerca de oito anos e passados quatro governadores (Arruda, Rosso, Agnelo e Rollemberg) nenhum centímetro foi construído. Com a crise política e econômica que assola o país e a Capital Federal, é difícil antever quando essas obras serão iniciadas. Por diversas vezes nos diferentes governos citados datas e prazos foram anunciadas com pompa, mas nada de concreto ocorreu.

Além disso, na linha efetivamente existente, cinco estações de metrô no Distrito Federal esperam há mais de uma década para entrar em funcionamento e atender a milhares de pessoas em áreas populosas nas cidades de Brasília (104 Sul, 106 Sul, 110 Sul), Taguatinga (Estrada Parque) e Ceilândia (Onoyama). O seu funcionamento poderia tornar o metrô mais rentável e facilitar a vida de quem necessita de transporte público.

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Embora tenham sido construídas e desenvolvidas com as primeiras estações na capital do país, entre os anos de 1994 a 2006, os terminais foram considerados inicialmente sem demanda. Depois, razões burocráticas impediram, finalmente, as obras de acabamento e a inauguração das estações. Hoje, ao todo, o Distrito Federal conta com 24 estações em funcionamento.

Imagem aérea das obras da Estação Onoyama em 2006.
Imagem aérea das obras da Estação Onoyama em 2006.

As estações 104, 106, 110 Sul e Estrada Parque começaram a ser construídas em 1994 e foram entregues quatro anos depois (portanto, há 19 anos). A estação Onoyama foi finalizada em 2006 (há 11 anos).

O arquiteto e urbanista Frederico Flósculo critica a demora no funcionamento dessas estações. Ele entende que é fundamental a expansão do metrô para a Asa Norte e ainda espera que, com isso, comecem a pensar em linhas entre bairros. “O metrô em superfície pode revolucionar a mobilidade no Distrito Federal. especialmente desde o Gama até Brazlândia e Planaltina”.

O especialista confirmou que é possível fazer uma série de interligações no transporte ferroviário na capital ainda de forma sustentável. No entanto, o urbanista explicou que, com a passagem do tempo, alguns corredores possíveis para o trem se tornaram difíceis de viabilizar por conta da ocupação desordenada do solo urbano. Isso prejudicou inclusive a proteção ambiental e o desenvolvimento econômico.

metro-embarque-passageiros“Sem demanda”

Segundo a assessoria de imprensa do Metrô DF, não havia o nível de demanda que existe atualmente na época da construção das estações. O Ministério das Cidades, órgão federal responsável pelo repasse de verba ao governo de Brasília, informa que o governo havia selecionado em 2014 a proposta para a abertura das estações da Asa Sul, mas devido à operação de crédito não ter sido formalizada juntamente aos agentes financeiros (Caixa Econômica Federal), o projeto foi arquivado.

A dificuldade na operação de crédito ocorreu em virtude do governo de Brasília não conseguir os requisitos necessários para a aprovação da análise de risco de crédito da Caixa. A operação seria realizada no âmbito do Programa PAC Pacto de Mobilidade, e o financiamento decorreria ocorrer via Programa Pró Transporte (recursos do FGTS). Consultada para comentar a situação, a assessoria de comunicação da Caixa Econômica Federal não se pronunciou até a publicação desta reportagem (1º de março, às 22h).

Expansão

O GDF informa que o prazo para a expansão e modernização do Metrô DF, depois de todos os recursos aprovados, seriam de 36 meses (três anos). Segundo o órgão, as futuras obras de expansão compreendem, inicialmente, 6,6 km de trilho e construção de cinco novas estações – duas em Ceilândia (EQNO 1/3 e 9/11 e EQNO 5/7 e 13/15), duas em Samambaia (quadra 111 e quadra 117), e uma na Asa Norte (perto do HRAN e da Galeria do Trabalhador). O custo seria de R$ 755 milhões. A assessoria do Metrô DF comunicou que houve uma reunião em fevereiro de 2017 com os agentes financeiros da obra para a expansão e confirmou as estações novas da Samambaia e Asa Norte.

Após o Governo de Brasília receber a verba do Ministério, é aberto o processo licitatório para o inicio das obras. “A responsabilidade pela realização do procedimento licitatório e da execução das obras dos empreendimentos é dos governos municipais e estaduais, cabendo à União o apoio financeiro aos entes da federação”, informou em nota o ministério das Cidades. O objetivo, segundo o órgão, é apoiar o fomento à implantação de projetos de transporte público coletivo de grande e média capacidade nas aglomerações urbanas e nas regiões metropolitanas.

Asa Norte

O governo federal também já havia selecionado outro pacote de empreendimento ligado ao Metrô DF, o projeto de expansão. Mas, para isso, iniciou a elaboração de estudos e projetos com o intuito de viabilizar a ida do trem à Asa Norte, algo necessário de acordo com o Ministério das Cidades. Os recursos viriam do Orçamento Geral da União (OGU). “Considerando o atual cenário fiscal e econômico, houve necessidade de priorizar outros empreendimentos também apoiados pelo OGU”, disse o órgão. O critério utilizado foi a capacidade de conclusão e efetividade dos empreendimentos.

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O Distrito Federal, com aproximadamente três milhões de habitantes, possui 24 estações de metrô em funcionamento e transporta, em média, 170 mil passageiros por dia. Ainda assim, o trem não chega a espaços da cidades, como aeroporto, estádio Mané Garrincha e Asa Norte, região onde conta com a Universidade de Brasília. A capital passou, em 2016, a ser considerada a terceira maior metrópole do Brasil. A última obra realizada pelo Metrô foi da abertura da Estação Guará em 10/05/2010.

O urbanista Frederico Flósculo considera que o transporte ferroviário, principalmente pela superfície, deveria ser o mais importante indutor de transformações e investimentos desde a década de 90. “Planejado adequadamente, o número de carros cairia para níveis da década de 1980. Da forma como está, a frota de veículos continuará a crescer desenfreadamente até 2050”.

Ar-Condicionado

O Metrô DF está na busca por obtenção de financiamento por parte do Governo Federal para a compra de 10 novos trens, com ar condicionado, mas não existe previsão para a liberação desse recurso. “Atualmente, o Metrô-DF possui 12 trens da série 2000 e 20 da Série 1000, nenhum deles com capacidade de receber ar condicionado”.