
Relatórios e pareceres apontam que na administração de Rodrigo Rollemberg, o GDF deixou de usar centenas de milhões de reais alocados pela União para áreas como Saúde, Educação, Meio-ambiente, transporte e até Segurança Pública.
Por Chico Sant’Anna
Desde o início do atual Governo, o discurso tem sido único, no sentido de que faltam recursos para uma gestão mais produtiva e realizadora. Chegando ao término do mandato, relatórios e pareceres de diferentes organismos revelam que o GDF tem sido incompetente na execução de projetos, principalmente de convênios, deixando de usar recursos repassados pela União para diferentes setores. O desperdício se revela em áreas sensíveis como Educação, Saúde, Mobilidade e Segurança Pública. A não execução desses projetos, além de privar a população de Brasília de melhores serviços públicos, deixa de gerar renda e novos empregos numa cidade onde o desemprego ultrapassa a casa das 320 mil pessoas.
Já registramos aqui a não execução de um convênio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, no valor de R$ 80 milhões, para a construção de 56 creches. A cidade vivencia um déficit de 25 mil vagas para crianças com menos de 5 anos de idade e estas escolas poderiam suprir mais da metade desta demanda. Em meio turno elas abrigariam 13 mil crianças.
Para mais detalhes, leia:
Saúde
Recente relatório do Fundo Nacional de Saúde – revelado pelo portal Metrópoles – traz a triste realidade de que a secretaria de Saúde deixou de executar, em 2017, R$ 330,2 milhões. Montante suficiente para a construção de 50 UPAs ou a aquisição de 100 aparelhos de ressonância magnética.
A verba estava destinada, dentre outros projetos, para a construção de novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) nas cidades satélites, bem como para reformar os hospitais de Base e de Brazlândia. Nada disso foi feito. Cidades como o Gama estão com as obras da UPA local, no Setor Leste, e do principal Centro de Saúde abandonadas pelo Poder Público. O Centro de Saúde hoje é ocupado por moradores de rua e no canteiro das obras da UPA só aparecem os vestígios da fundação.
Para nais detalhes sobre as obras abandonadas no Gama, leia:
Em outro frente, entre 2015 e 2017, o GDF deixou de usar R$ 2,9 milhões destinados ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Para agravar ainda mais a situação, quando o GDF não executa os projetos decorrentes de convênios ele tem que devolver a verba repassada e, em muitos casos, ainda paga uma multa.
Mobilidade Urbana
A mais recente denúncia refere-se ao Metrô. Uma verba de R$ 415 milhões estava liberada para o GDF ampliar e melhorar o metrô e dar início ao VLT. Na verdade, essa bobeira administrativa vem desde o governo Arruda. Por meio do Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, do PAC da Mobilidade e do PAC da Copa a União liberou cerca de R$ 1,2 bilhão para que a Linha 1 do metrô fosse completada, chegando ao Setor O da Ceilândia, à Expansão de Samambaia e começasse a entrar na Asa Norte, com uma estação frente ao HRAN. Quatro governos se passaram: Arruda, Rosso, Agnelo e Rollemberg e todos perderam o trem do financiamento. Há até quem diga que o metrô não avança em Brasília por existir um “pacto de cavalheiros” de forma a garantir a rentabilidade das empresas de ônibus que no governo passado renovaram a frota de veículos.
O Ministério das Cidades alega que o GDF não entregou a papelada necessária. A secretaria de Transportes do DF nega, diz que tudo foi feito segundo a cartilha, mas que a Caixa Econômica Federal emperrou a análise. Por sua vez, a CEF diz que os documentos técnicos chegaram incompletos. O certo é que estavam separados R$ 220 milhões destinados à compra de dez novos trens, R$ 120 milhões para 10 VLTs e outros R$ 75 milhões para as obras das estações das quadras 104, 106 e 110 Sul. O brasiliense continua sem um sistema de mobilidade urbana decente e desempregado. Fatos que poderiam ser outros se o GDF fosse mais eficiente.
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Meio-Ambiente
Também na área de coleta seletiva o GDF desperdiçou recursos disponibilizados pela União. Como cidade sede da Copa do Mundo, Brasília teve direito a um repasse de R$ 21,3 milhões para ser investido na construção de galpões de triagem do lixo. Os recursos foram perdidos, denuncia Ronei Silva, do Movimento Nacional de Catadores de Lixo. Desde outubro de 2017 a coleta seletiva já deveria ter sido implantada em todo o DF, mas isso não ocorreu. Apenas quatro galpões alugados operaram a triagem do lixo, o resto, 2,8 mil toneladas/dia, vai para o novo aterro sanitário sob o rótulo de lixo indiferenciado. Assim, o novo aterro de Samambaia pode ter sua vida útil reduzida de 30 para 10 anos.
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Segurança
Na Segurança Pública, o GDF esnobou R$ 11,7 milhões do Fundo Constitucional do DF, segundo informa o deputado Wasny de Roure. A verba foi empenhada em favor do Corpo de Bombeiros e polícias Militar e Civil, mas os respectivos projetos não foram elaborados. O dinheiro ficou, então, retido nos cofres da União e não pode ser destinado a outras áreas contempladas pelo FCDF, como Saúde e Educação.
Fiscalização
Além da demonstração de incapacidade administrativa do GDF, tem faltado também ação fiscalizadora dos parlamentares federais. Deputados e Senadores possuem as senhas de acesso ao SIAFE – sistema que monitora o uso de verbas federais. A eles caberia o papel de cobrar o efetivo uso das verbas federais repassadas ao DF, evitando desperdício e a inoperância. Mas muitos integrantes da bancada do DF no Congresso esquecem que foram eleitos pelo DF e cuidam mais dos problemas da República do que da Capital.
Normal, como que um governo que tem um orçamento acima de 40 bilhões de reais, não tem dinheiro para nada. E uma população de pouco mais de 3 milhões de habitantes. Em compensação, a Bahia, que tem um orçamento semelhante e população 4x maior, tem problemas, mas não da magnitude do brasiliense. Passou da hora de BRASÍLIA, parar de mamar nas tetas das contribuições federais (leia-se Tesouro Nacional, melhor do contribuinte de todo o Brasil), e começar a ter a própria autonomia financeira. Portanto, a cidade, quer queira ou não, tem que se desenvolver, quer seja industrialmente, claro com certas restrições ou comercial. Mas daqui a pouco, irão inventar aquela fake news. CAPITAL FEDERAL não pode ser metrópole ou industrializar, senão FERE O TOMBAMENTO. Foi igual a famosa fake news…. Capital Federal fora feita para 500 mil habitantes. Somente esqueceram de avisar que essa era a BASE POPULACIONAL e não o limite populacional que a cidade teria. Tanto, que depois surgiu as cidades satélites. Portanto, o governo tem que privilegiar a Saúde, Educação e Segurança, e privatizar o restante. Senão vai ocorrer igual o metrô. A dúvida dar aumentos salariais acima da inflação ou expandir o metrô. E no final das contas, nem um e nem outro.
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Falta de gestão, apenas?
Alguém comentou comigo que era mais falta de vergonha.
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