Hoje, a maracanã-do-buriti não está na relação de aves em extinção, mas o avanço do agronegócio e dos processos de urbanização, em especial no Centro-Oeste e na Amazonia, põe em cheque o principal, talvez o único alimento dessas aves: o coco do buriti.
Texto e fotos de Chico Sant’Anna, com base no Wikiaves, a Enciclopédia das aves do Brasil, no Mundo Ecologia e no Avibase
Essa é uma espécie de ave encontrada em diversos pontos da América do Sul. Desde a parte mais ao Norte (Trinidad-Tobago, Guianas, Venezuela e Colômbia), até a Bolívia, Equador e Peru.
No Brasil é comum encontrá-la na Amazônia e na Região Centro-Oeste. As que aparecem na foto foram por mim registradas no Distrito Federal, em três momentos: agosto de 2017 e em junho e julho de 2019, no bairro do Park Way.
Denominação
Nos países de idioma castelhano, a ararinha maracanã-do-buriti é denominada de Guacamaya (arara) Manilata.
No Brasil, dependendo da região, é conhecida, como ararinha, arararana e maracanã de cara amarela. O termo maracanã designa um conjunto de aves psitaciformes. Em tupi-guarani significa “papagaios juntos”. Nos idiomas dos Carajás e Tamoios o termo significaria pequeno papagaio. De todo modo, o seu nome científico é Orthopsittaca manilatus que em grego e latim significa “papagaio de face reta e pata grande”.
Características
A forma do corpo, a cor das penas, a maneira de voar, até os dedos do pé: muitas características desta bela ave podem levar um observador menos atento a classificá-la como um papagaio, mas na realidade é uma espécie de arara.
Elas são consideradas as araras mais esverdeada de porte médio da América do Sul.
A cor verde, contudo, contrasta com a face amarela pálida nua e áspera, cabeça quase toda azul, bico pequeno e negro, extremo das asas também azuis. Uma parte grande castanha-avermelhada se encontra no centro do abdômen, as asas e rabo têm por baixo tons amarelados .
Medem aproximadamente 44 a 50 centímetros de comprimento e com peso médio entre 300-420 gramas.
São extremamente bonitas e graciosas e possuem as cores típicas do Brasil, por isso ela é muitas vezes confundida com outras espécies de arara, inclusive algumas que estão ameaçadas de extinção, o que no futuro pode também ser um risco para essa espécie.
Estado de Conservação Nacional
(IUCN 3.1)
Pouco Preocupante
Habitat
Em alguns portais da internet elas são ofertadas à venda, mas em outros, a informação é que dificilmente se adaptam à vida em cativeiro.
Seu habitat natural, como o nome já indica, são os pés de buriti ou dendê. Gostam também das áreas de pantanal e onde haja palmeiras. Sua alimentação básica são os coquinhos de buritis, eventualmente, na falta deles, se alimentam da polpa dos frutos maduros de outros tipos de palmeiras.
Fazem seus ninhos em troncos de buritis mortos e ocos. Isso é mais comum nas áreas alagadas, como veredas e em matas de galeria, que margeiam os córregos e riachos. Quando algum intruso se aproxima, preferem esconder-se nos buracos dos buritis a fugir voando. A postura de ovos se dá normalmente entre os meses de fevereiro e junho, e os ninhos são feitos aproveitando=se de buracos em árvores feitos por Pica-paus ou em palmeiras mortas. As fêmeas colocam apenas dois ovos por ninhada.
Segundo artigo científico Variação na abundância do maracanã-do-buriti Orthopsittaca manilatus (Psittacidae) e produção de frutos no buriti Mauritia flexuosa (Arecaceae), de autoria dos pesquisadores Paulo Antônio da Silva e Celine Melo, o abate avançado de pés de buritis no Brasil ameaça os habitats da maracanã-buriti, favorecendo a sua fragmentação. Por consequência, as próprias aves estão sob ameaça, embora, atualmente, seu estado de preservação, estejana categoria “pouco preocupante”.
Mas o alerta quanto à importância de se preservar as veredas, em especial nas regiões de cerrado, está dado. As veredas, dizem os pesquisadores, estão sendo alvo de queimadas e redução de tamanho, especialmente pelo assoreamento em meio a áreas agroindustriais, sendo também fragmentadas devido ao processo de urbanização.
Símbolo
Diante da destruição do cerrado e considerando a dependência da maracanã buriti dos frutos nativos das veredas, os pesquisadores propõe eleger essa espécie como símbolo para promover a proteção e conservação das veredas do Brasil central.
Conhecimento científico
Existem, segundo os pesquisadores citados anteriormente, poucos estudos científicos sobre a Maracanã-Buriti. Na verdade, seriam apenas dois: um realizado com aves ao norte de Mato Grosso, no Brasil, em 1984, e outro, em Trinidad-Tobago, no ano de 2.000.
É sabido que essa espécie de psitacídeo talvez seja a mais especializada quanto à alimentação. Mas não estão clarificadas cientificamente as alternativas alimentares da maracanã-buriti diante da falta de seu alimento preferido. Assim, não são fartas as informações a respeito do comportamento, alimentação e reprodução. O pouco que se sabe é que tem predileção especial por palmeiras, de cujos frutos se alimenta com a polpa, principalmente pela manhã ou ao entardecer.
Araras e papagaios
Araras e papagaios pertencem a uma mesma família de aves, chamada Psittacidae, que também inclui os periquitos. Todos eles têm em comum o formato do bico – curto, curvado e muito resistente –, que serve para manipular alimentos e cavar ninhos em troncos de árvores. Por outro lado, a principal diferença entre araras e papagaios está no formato da cauda: enquanto, nas araras, ela é longa e pontuda, nos papagaios ela é curta e quadrada.
Confira no vídeo mais detalhes da ararinha maracanã-do-buriti
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Boa tarde Chico! Permita-me uma correção, as fotos apresentadas no post retratam uma outra espécie, a Maracanã-do-buriti, (Orthopsittaca manilatus). Mais informações em http://www.wikiaves.com.br/wiki/maracana-do-buriti
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Obrigado pela correção
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Você tinha razão. O texto já foi corrigido apontando o espécime correto
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